domingo, 31 de dezembro de 2017

Uma Carne.Um Rosto.Uma Ideia.



Uma Carne.
Um Rosto.
Uma Ideia
E nada demais.

Apenas olhos fechados
perto do eclipse
enquanto os lobos
uivam sobre a ultima morte.

Não há nada a fazer
quando o fogo aparece
querendo queimar a sua alma e a sua vida.


Uma Carne.
Um Rosto.
Uma Ideia
e nada demais.

Apenas tristes perfumes
se espalhando do espelho
enquanto o mundo
parece estar indo a merda abaixo.

E do máximo teremos apenas mais uma Carne
mais um Rosto
mais uma Ideia
tentando preencher  o vazio das coisas

Enquanto as ruas estão abarrotadas
Cheias de hospicios,de hospitais e pessoas
e a minha cama esta vazia demais.

Uma Carne.
Um Rosto
Uma Ideia...
e  nada mais
nada mais
nada mais
Apenas a visão do inferno.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Duas pernas grossas e um jazz lamentoso.




Você sentou da cadeira
Olhou pro jornal
E diante de mim,cruzou a suas duas pernas grossas.

Eu,deitado da cama,apenas via aquilo
Como uma possível clemência de sua parte dado a minha ressaca

Mas você ficou lendo o jornal
Ouvindo aquele jazz lamentoso do Charlie Parker
Com a suas duas pernas grossas.

Ah,e você pegou o seu cigarro
Fumou ele,soprou a fumaça em direção ao teto
E não olhou pra mim.

Do fim,percebo que tu não queria que eu olhasse pro seus olhos
Queria que eu apenas olhasse a suas pernas
E que eu ignorasse o som triste e lamentoso  de Charlie Parker.


De fato
É uma boa distração.


Uma deixa


A conta da tv a cabo esta atrasada
O dinheiro de alguma forma acabou
E você (mais uma vez) foi embora.


Merda
E única coisa que eu queria era apenas uma deixa
Ou uma desculpa qualquer
Pra fugir nesses pequenos fatos  tristonhos.


quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

As vezes eu queria dançar.



Daquele momento  estava tocando Rolling Stones
Na verdade,estava tocando o Rolling Stones da década de 70.


Daquela época,Keith tocava com estilo
E Mick  berrava do microfone com ousadia.


O som estava indo bem
E uma mulher  gostosa estava dançando do meio da pista.

Ela tinha peitos grandes
Corpo moreno
E uma bunda escultural.



De alguma forma
Isso ficou me instigando
Me chamando.

E mostrou pra mim
Que as vezes eu queria dançar para sempre.


Eu queria dançar eternamente
Ouvindo aquela musica eternamente
E olhando praquele corpo nu eternamente.










White Horse. Dragon Ball Z e porrada.

                            
“Um dia chato”,era o tipo de palavra que eu ia definir.Uma quinta feira deprimente,perto do fim do ano e tudo mais.Era manhã,mas tinha pessoas do bar.Um buraco de ratos,acredito que seja a melhor definição do local.Mas lá tinha um balcão,uma boa dose de White Horse,e uma TV antiga(da década de 60) que transmitia um canal chamado Rede Brasil.O bar estava razoavelmente movimentado,tinha pessoas conversando,bebendo e falando como ia ser o próximo ano.Acredito que tratava-se dos mesmos tipos de pessoas que gostam de encher a cara,cagar do carro do vizinho,e depois prometer a si mesmo que do próximo ano eles vão ser pessoas melhores,só que o que eles sempre sente uma ressaca dos infernos.
De qualquer forma,ou de qualquer fim,lá estava eu,num bar cheio perdedores idiotas,sujeitos como eu,e estava vendo TV.Rede Brasil. Ninguém ligava,não por enquanto.Tava passando Dragon Ball.Meia hora atrás eu estava pensando em outro coisas,pensando em me jogar numa ponte,ou simplesmente meter um tiro da cabeça pra acabar logo com essa porra.Mas eu fui covarde e não fiz.O presente foi aquele bar fedorento,cheio de perdedores como eu,vendo Dragon Ball Z.O meu amigo imaginário Hindu estava comigo.Ele estava chateado,louco,puto da vida.Mas quando a gente foi ver a saga dos sayajins...bom...tudo foi embora,pelo menos por um tempo...


-Pois é meu amigo Nicolas.Olha só que coisa linda...Dragon Ball Z.Imagine você se matando próximo do fim de ano,perdendo a saga dos sayajins...veja só...Piccolo morrendo,sacrificando a sua vida pelo Gohan.
-Ele é uns dos meus personagens favoritos.
-O meu também.Gosto muito nessa saga.Pois todo mundo evoluiu,até mesmos os personagens coadjuvantes.O Dragon Ball Z perdeu isso com o passar dos tempos,pois o Goku  e Vegeta ficaram mais apelões  e os restos dos guerreiros Z perderam a essência... Mas nessa saga,todo mundo teve bolas para enfrentar os  Vegeta e o Nappa.
-Verdade.
-A gente fica tenso também sabe?Não conhecemos a dimensão do poder do inimigo.E os inimigos parecem ser mais poderosos que os inimigos do Dragon Ball Super.
-Do Super você só ver uns ventinhos e nada mais.Uma porra...
-Eu até que  gosto do super.
-Acho mais ou menos.
-Foi legal a lutar do Goku com Jiren.
-Devia ter mantido a trilha sonora original.Essa nova parece que foi composta por uma versão gay do NX Zero.
-Acho que você esta exagerando.Assim como tudo da vida.Você simplesmente queria se matar meia hora atrás.
-Eu queria diversão.
-Então ia se matar por diversão?
-Sim.
-Você é retardado.
-Oh ye...


Eu pedi mais uma dose de White Horse,o calor aumentava,e o Hindu olhava pra mim com um sorriso de retardado.Do fim,ele sabia que ele existia pelo simples fato de que eu era retardado.


-Esses animes de hoje cara...vou te contar...
-O que tem eles ?
-A forma como eles desenham.Os orientais ficaram frescos do decorrer dos anos...
-Não acho.
-Antes você via esses desenhos,claro que não era tão bem desenhados,de vez em quando vemos algumas grosserias.Mas cara...você olha pra esses caras e fala”Esses caras são fodas!E são autênticos!Parece mesmo um bando de guerreiros!”,na verdade você nem pensa nessa questão.Eles são guerreiros e pronto.Mas o animes de hoje,parece caras que vão do  salão de beleza  antes de lutar.Não só dos animes,mas dos filmes também.Não tem nenhum Stallone ou Bruce Willis.Um cara que termina o filme todo fudido e acabado.Não,hoje em dia a gente tem caras que ficam limpinhos do filme todo.Um porre...
-Acho que dos Animes a veadagem começou com o Naruto.
-Tem pessoas que gosta de Dragon Ball e que também gosta de Naruto.
-Não consigo sabe? acredito que você também não.
-Verdade.
-Tem gente que fala que Dragon Ball e Naruto é tipo batata frita com bacon.Mas não é.Batata frita com bacon é tipo Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco,ou coisa do tipo.
-Mas Naruto e Dragon Ball...
-Outra coisa.Não quero separar o mundo,mas sabe,tem diferença.Se você é aquele cara que apenas gosta de Naruto,e não gosta do Dragon Ball,bom...você tem problemas.
-E o cara que gosta de Dragon Ball e não gosta do Naruto?
-Ai o cara tem culhões. Sei lá Nicolas,é algo estranho pra mim.Do fim,eu simplifico,mas eu sinto que o mundo é dividido por dois tipos de pessoas(como eu disse,estou simplificando bastante,mas sabe como é,gosto de falar):pessoas que  tentam viver,que tenta transar,beber cerveja,ler uns bons livros,ou então pessoas que simplesmente respira e caga...
-Três tipos de pessoas então...
-Sim,sim...(é que eu não aguento essa porra que tu bebe).E tem pessoas que gosta de transar com cabras,que bate punheta vendo a bunda da professora Amélia e tudo mais.E são esses tipos de pessoas que apenas gosta de Naruto,e que detesta do fundo da alma o Dragon Ball.
-Amem...
-Amem...


A gente celebra e bebemos mais uma dose vendo Dragon Ball.Parece que era uma maratona.Nós dois estávamos ansiosos para ver a luta do Goku contra o Vegeta.Mas o balconista do bar trocou de canal.Eu fiquei puto.


-Oh amigão,você trocou de canal.
Porém,um cara estava atrás de mim,era o sujeito que pediu para o balconista trocar de canal.Um cara alto,forte,negro,bruto.Cara de poucos amigos.
-Porra maluco!O Jogo Aberto vai começar daqui a pouco!
-Quem se importa com a porra da Renata Fan e daquele mongo do Denílson?
-Melhor do que ver desenho.Olha o seu tamanho cara,você tem barba e tudo mais.Isso é coisa de criança,sem falar que você estava falando sozinho.
-Me diga uma coisa cidadão:Um maluco não pode  ficar em paz?Deixo eu ficar maluco em paz.Eu não estava mexendo com ninguém,eu so estava vendo  o Dragon Ball Z.
-Desenho de veado,e tenho certeza que tu é um veado também.


Eu olhei pra cara do sujeito,e senti uma vontade de socar ele,além de uma vontade do caralho de ver a luta do Goku contra o Vegeta.Eu senti isso da pele,e o Hindu me olhou e sorriu.Ele sabia que a minha sede pela vida voltou.

-Não quero problemas senhores.

Falou o balconista.
Eu repliquei.
-Ele que quer problemas.
-E o que você vai fazer a respeito?
Eu olhei pra ele e sorri.Olhei pro Hindu,ele apenas observou e disse...
-Manda ver Nicolas.
O cara tinha amigos atrás dele,mas eu pensei em não me importar.

-Sabe cara...eu vou lhe dizer algo.Essa quinta feira começou de uma maneira tão brocha,que eu meio que queria cair fora.Cair forma mesmo sabe?Dar uma de Jack London,mas indo pro outro lado da navalha,cê é que você me entende... Mas apareceu esse bar,essa dose de White Horse,e esse anime maravilhoso.Isso fez uma quinta feira chata e quente num dia agradável.Num dia em que as coisas podem fazer sentido de um cara que não vê sentido em muita coisa da vida.Mas ai aparece você,pede pro balconista mudar de canal e me encara só porque você tem cara de malvadão.Quer saber de uma coisa?Você salvou o meu dia,você fez o meu dia ter um maldito sentido.Eu vou lutar para ter um pouco de respeito nesse mundo,e para ver Dragon Ball.Muito provável que eu fracasse ,mas...ai é outro jogo,o que importa é viver,beber,ver Dragon Ball e fazer um pouco de justiça num mundo escroto como esse,esmurrando um bostinha como você.Obrigado.


O grandão olhou pra mim com uma cara de mongo,mas ele não teve tempo de reagir.Eu meti um soco da cara dele.Ele caiu.Belo soco.Difícil derrubar um homem grande,mas quando você o derruba,ai o negocio é lindo demais.Eu sempre quis socar a cara de Deus,só pra ver se ele sente alguma dor do mundo.
Mas o grandão se levantou,me pegou com a suas duas mãos grandes e me jogou fora do bar,como se eu fosse um peido ou um pipa.Ele sai do bar,os amigos vierem juntos,Hindu ainda estava sorrindo pra mim e eu fui pra cima.
-Vamos lá grandão!Tá da hora de apanhar!
Eu fui pra cima dele...e apanhei.Eu consegui revidar,mas ele me deu uma verdadeira surra.

De qualquer forma,apanhei sorrindo,vendo a tarde começar.O cara do bar me expulsou e os filhos das putas foram expulsos também.Eu fui embora,andei pelas ruas de São Miguel,vi os pombos cagando,os mendigos cantando Raul Seixas,o sol da tarde incendiando a minha cabeça sangrenta e tudo mais.E eu sorri,como se toda aquela maluquice fizesse algum sentido.

Eu e o Hindu ficamos fodidos e eternamente felizes numa quinta feira escrota.







quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Alegria.


Sempre foi da chuva. 
Sempre da chuva. 

Uma espécie de atestado de que tudo que é belo  é permitido 
mesmo que o mundo lhe diga que você é um grande idiota. 


Pisando entre os poços 
Banhando o corpo de água. 

Enquanto uma pessoa esta olhando pra você 
como se você fosse importante para alguém. 

Os rostos 
das pessoas 
não parecia tão feias 
e rudes. 

As misérias 
do mundo 
eram plenamente esquecidas 
e banalizadas. 

A melodia 
da morte 
era proferido da voz de um anjo bonito 
e brilhante. 

E por fim 
a realidade 
das coisas 
se transformam em sonhos grandiosos  
e louváveis. 

A chuva clareava 
os meus 
e  os teus olhos 
deixando claro que por hora 
estamos alegres 
e isso já era o suficiente. 



segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Liz



Você fazia a tristeza ser algo tão lindo
E tão delicado
Que as vezes eu tentava me entristecer
Só pra ficar mais perto de você.


Não sei
Tem algo dos seus olhos
Que lembra as pétalas cinzas de uma flor
Tentando sobreviver o fim da primavera.

E tem algo do seu corpo
Que lembra que do final das contas
A Humanidade é uma instituição fardada a se entristecer.


Só que você
Faz a tristeza ser algo especial
Faz a vida(por mais triste que ela seja)tenha um sabor especial
Algo que é difícil de achar do mundo de hoje...

Sim,sim
Esse poema é pra você, minha querida Liz.


A ultima dose


A ultima dose  sempre é a mais triste.

Você reconhece
Que o seu bolso esta vazio
E que a diversão esta acabando.

Você sabe
Que o efeito do álcool vai durar por um tempo
Mas depois vai deixar uma ressaca dos infernos.

E que amanha
Será  mais um dia deprimente 
E solitário.

Sim,sim
Bebe a sua ultima dose
Como se fosse  um ultimo abraço
Ou como se fosse transar pela ultima vez com a mulher mais gostosa do mundo.

É uma sensação triste
Melancólica
Saber o quanto é mortal o tempo e o dinheiro

É uma melancolia que as vezes nem o Freud pode explicar. 

Hollywood.




A verdade querida
É que você fumava esse cigarro
Apenas como forma de sonhar.


Fugindo de alguma forma
Nessa triste e louca cidade
E sonhando em ser uma nova Marylin Monroe.

E você engolia aquele chumbo podre e horrível
Sonhando dolorosamente com as estrelas
E tentando de maneira quase alérgica
Não olhar pra mim
Ou pra cidade.

Apesar de que do fim das coisas
Você tem a cidade
Ou tem a mim
Já que não consegue achar algo
Ou alguém melhor do que eu
E SP.



quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O sol desértico.

O sol desértico de São Paulo
Da um curto adeus pra esse fôlego
Que o novo bebê tem

-

Nascido da terra,e do concreto
Vendo pela primeira vez o sol
Ele sorri com ingênuidade
-

Os pais riem com alegria
Os parentes ficam contemplado
E a tristeza ainda não apareceu
-

Só esta eu olhando com paranóia
Vendo o olhar que todo poeta deve ter
O olhar de um recém nascido

-
Mas,a tristeza esta da porta
Esperando um dia,ou uma noite
Onde o sol não pode salvar nenhum bebê

Pois mais uma vez
Eu vejo a Madame Morte
Eu veja a Madame Morte novamente

Só que ela não esta contemplando a vó Esmeralda
Esta apenas vendo um novo cliente
Que é o bebê

E ela sorri pra mim
Junto com o bebê
Fazendo essa tarde ser um mar de delírios e de paranoias.



terça-feira, 21 de novembro de 2017

Mais uma mentira









Mais uma mentira sendo desvendada pelo meu espelho
Enquanto o relógio anunciava que era meia noite.


Você já foi embora
David Bowie já morreu
E não restava muita coisa   pra lidar com tudo.

E a mentira foi desvendada
Quando eu vi o meu corpo nu
Gordo
E triste.

Cheio de cicatrizes
Estrias
E gordura.


Quando eu me olhei do espelho
Da noite
E sozinho
Eu percebi que umas das maiores mentiras do mundo é que
Quando você tira a roupa
Você se sente livre.


Pelo contrario
Você se sente tolo
Vazio
E escravo de um sentimento idiota chamado
Paixão.





segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Meia noite e ponto.





A Bianca tira a roupa,Cezzane  fuma um cigarro,e Keroauc esta alucinando com o álcool.As putas chegaram lentamente,assim como as bebidas.A sala de estar ficou lotado.Lotado pra caramba.

Era exatamente meia noite e ponto.

Madame Satã tira a calcinha,Bukowski olha pra rola dela,Joana não esta mais aqui.O trem já partiu,o cobrador Marcos já foi embora.Joan Bez esta do quarto, tocando violão sozinha.

Era exatamente meia noite e ponto.

A cidade lá fora me olha.Sim,você sabe de quem eu estou falando.Ela me olha com os seus olhos sujos  junto com a chuva da noite.A chuva que transborda aquelas velhas verrugas ,e anuncia de algum modo um apocalipse vidrado das pequenas coisas.
Mesmo que a lua apareça sobre a janela,e reflete a cor azulada da melancolia, nada vai alterar as coisas:os caras dos Jazz morreram,e o rock errou mais uma vez.
Mas era exatamente meia noite e ponto

E eu me sinto incluído(e excluído) a toda essa gente, a todos esses caras e tudo mais.Os  velhos boxeadores dos bairros estão dormindo em pequenas camas,e os velhos soldados de antigas guerras(que ninguém lembra mais) estão por  ai entre as ruas ,perambulando sobre esse mundo maligno como loucos fantasmas.
Os castelos estão abertos,as construções utópicas estabelecidas.Eden anuncia as portas,Dante sorri para o sol.Mas mesmo assim,percebo a dimensão gritante das prisões,e o vigor constante em termos de prevalecer um mundo podre e cruel.

Percebo isso depois de meia noite.

E o que sobra do final das coisas  é apenas um copo de licor,e um cigarro amassado.Sim,Sim meu amor.Não são figuras de vícios,são apenas atores inanimados representado o estado da solidão contemporânea.
O horror de ver o mundo de tal forma,e de alguma forma aceitar o destino que é morrer sozinho e vazio...





sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A bala

Ecoando
Bem longe
A tua vasta melodia.


Sim
Meu doce amante
Meu doce martírio.

Os teus olhos estão vermelhos
Os seus lábios estão duros
E o vinho esta vomitado do tapete.

E eu sinto o som vibrante
E seco
Entrar do meu estômago.

Algo sai dentro de mim
Como um louco vomito
Mas não era nada
Era apenas o meu sangue.


Oh...balas
Balas feita de aços
E de duras ternuras.


E ainda esta ecoando
Bem longe
A tua melodia.

Os vizinhos ouvem
As crianças levam um tremendo susto
A rua inteira acorda.

O nosso cachorro late
A lua aparece em cima da neblina
E a chuva para de lacrimejar sobre o nosso bairro.

Oh e ágoras
Que o meu sangue se mistura com vinho abarrotado
Eu me pergunto onde estão os Deuses.

Será que eles ainda nos observam
Pensando que tudo isso é um triste e formidável entretenimento?

Sim,sim,do fim somos todos viciados do pão e circo
E  sempre estaremos deitados aqui (esperando mais um tiro).

Oh...balas
Balas feita de aços
E de duras ternuras.

Oh...balas
Balas feita de aços
E de duras ternuras.


Sim,meu doce revolver
Você me beija novamente
Sobre a luz do luar.

E eu estou chorando
Chorando não por morrer
Mas por perceber que do final das contas

Eu não tenho nada a perder. 

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Que vai pro inferno!






Que vai pro inferno!
Todas essas pessoas!
Todos esses dilemas
E historias esquecidas!         

Que vai pro inferno
Todos os falsos abraços!
Todas as frases dissonantes
Batendo em porta e porta!

Que vai pro inferno
A pessoa que ousou vir aqui
A criatura que ousou tocar do meus braços
E roubar(por um duro instante)as melodias dos meus tristes e solitários lábios...
Fazendo eu ser (novamente) o escravo do amor.





segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Mais uma.



Mais uma louca
Mais uma puta
Mais uma dose.

Mais ume fria
Mais uma cama
Fedida
a punheta
Num dia triste ensoralado.


Mais um mendigo
Passando da mesma rua
Mais um gato
Em cima dos meus telhados.

E você
É só mais uma
Entre outras.

E eu
Sou mais um
Entre outros.


Mais um homem
Que se veste e atua como fantasma
Tentando ver um sentindo inerente
De tentar viver numa cidade
Onde viver é essencialmente  sofrer.



quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Oh Sim


Sim,nades como uma sereia
E corteja a lua como uma boa dama.


As horas já se passam
O teu seio já se torna livre
E os teus lábios já tem a cor da neve
Para que eu a esqueça do anoitecer da melancolia...

Oh sim
Oh sim
Esse é o sentimento
Oh sim
Oh sim
Esse é o sentimento

Sim,chores com a cidade
E deixa belo(apenas por um dia) a dura honestidade.


A carne já se torna alvo
Das mil pedras lançada do vento
O trovão anuncia em tom firme o apocalipse
Para que eu veja o teu corpo se partir com a espada dos Deuses.




Oh sim
Oh sim
Esse é o sentimento
Oh sim
Oh sim
Esse é o sentimento


Hum,então é de sedas o teu vestido
E é de intima e nua cor a fragilidade de teus olhos

Pra quê adormecer agora doce outono
Enquanto o  Deus do veneno sopra  a melodia pro vento}

Sim,e ágoras não  há pronunciamento
e  tão pouco o vento profere um discurso
Só há o teu corpo dançando e se movendo
em uma direção que as flores melancólicas ousam cantar.


Oh sim
Oh sim
Esse é o sentimento
Oh sim
Oh sim

Esse é o sentimento 

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Alguns dias (ou algumas horas)




Eu vejo a noite aparecer timidamente perante os meus olhos.Eu olho pra minhas ruas.Das ruas que vivi por um bom tempo:as ruas de Emerlino Matarazzo.Tudo esta vazio,apesar de que se trata de um sábado noturno.As pessoas não estão aqui,a cena não esta acontecendo.So possui aqueles típicos bêbados,que ficam andando por ai sem nenhum destino,apenas achando(talvez) um lugar pra ficar e esperar a morte.

Sinceramente,não me sinto que estou distante deles.

De alguma forma,estamos todos esperando a morte.Do fundo da alma,criamos esse sistema.Criamos a magnitude da burocracia.Criamos mil motivos para ter filas,números,senhas,documentos,mandatos de registros,etc.Procuramos mil motivos para desperdiçar o tempo.Talvez não sabemos o que fazer com ele,e deve ser por isso que a desperdiçamos.
Não podemos abraçar,ou beijar alguém da rua.Não podemos chorar,pois o choro é um ato tão solitário que dói a alma.Não podemos lutar contra os Leões,pois ninguém nos ensinou a lutar contra os Leões.

As escolas não falam sobre o processo de envelhecer,de morrer,de consumir venenos,e de pensar(de vez em quando) em suicídio.Não falavam como um ser humano enlouquece,e pouco falam sobre como funciona o mundo selvagem.

Parece que eu aprendi nessas ruas de Emerlino mais do que eu aprendi das escolas.Eu aprendi a me desiludir,a chorar como homem,a rir como uma criança boba,e ter noites como essa,onde eu ando como um bêbado sem casa.

Vendo a lua cair sobre os prédios,e rezando pra chuva chegar para esfriar o meu corpo quente e doente.
De alguma forma,eu me sinto doente.Me sinto doente demais.
Talvez eu tenha uma doença incurável que não dá pra recuperar.Talvez eu tenha que desistir de tudo,de tentar ser algo,de ser o que sou,e tudo mais.Talvez eu tenha que me isolar do meio do mato,com apenas uma janela pra ver o mundo selvagem e até desaprender o afalbeto pra me recriar...
Mas por hora,eu só estou aqui,matando o meu tempo,celebrando os meus inimigos,e vendo o motivo de o palhaço de São Miguel rir com tanto desdém.








sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Alguns momentos





Ela  pegava um cigarro,acendia ele  e olhava pra mim.Sim,me olhava com aqueles olhos azuis grandes.E eu apenas tentava ler o meu livro,tentando disfarçar que eu sentia alguma coisa.

A neblina da manha aparecia, o silencio reinava do local.Mas Deus...tudo era tão bom,tão sossegado,e tão harmonioso.Ela sorria pra mim,um sorriso pequeno, porém cheio de flores plantadas da primavera,e eu tentava me conter,apesar de que eu ficava vermelho.Ela percebia a minha timidez,ria com certa ingenuidade ,e deixava eu com a minha timidez.


Não sei porque,mas eu sempre penso nessa pequena cena.Sempre penso dos segundos marcantes daquele momento.Sempre penso da eternidade dos momentos.
Talvez eu esteja ficando sentimental demais,ou talvez eu esteja ficando nostálgico demais.Pois aquilo era mágico demais,e as vezes fazia(por incrível que pareça)a vida ter um pouco de sentido.

Sim,você e o seu cigarro,olhando pra mim sem parar,enquanto eu tentava disfarçar a minha timidez...essa é  a imagem que eu nunca vou esquecer...









domingo, 24 de setembro de 2017

Podemos fazer alguma coisa



Eu não suporto ninguém
Mas eu encaro você baby.


Eu encaro a sua solitude
O seu rock and roll de três acordes
A sua postura non sense.

Apenas aparece aqui
Com as suas duas pernas grossas
Com a sua modesta melancolia


Que podemos fazer alguma coisa interessante.


Este é o meu inferno.





Remédios
Livros de auto ajuda
Uma fila de psicólogos
Uma fila de exércitos desarmados.


O som alto dos latidos dos cachorros
O distanciamento dos gatos
Os telhados apanhando  da chuva da manha.


Um novo sarau de poesia feita da minha rua
Uma nova pessoa batendo da minha porta
Um tumulo vindo da minha direção.


A Julieta morta da silva
O vendedor de perfumes se aposentando
Os bares vazios de bebidas
O meu bolso vazio de dinheiro.


O banco da praça molhado
As ruas alargadas
A possibilidade negada
Um beijo falso instaurado.

Mais uma cruz
Mais uma luz
Mais uma triste oração
Mais uma gota...

Talvez uma nova criança
Ou um novo choro do velho general
Uma velha melodia dissonante
Batendo das botas dos fantasmas noturnos...



A vizinha gemendo
O sindico aparecendo
O aluguel fodendo.


As tetas do sindico
Se mexendo lentamente
Lentamente.

Ou um show da tv
Onde tudo mundo esta dançando
Onde todo mundo esta feliz ouvindo uma musica medíocre.

Ou você aparecendo aqui
Deitando da minha cama
Tirando sem timidez a sua roupa.


Ou você não aparecendo aqui
Fazendo eu me obrigar a me masturbar
Fazendo eu me obrigar a amar você.

Ver um anuncio de refrigerante
Ou um novo filme da Scarlett Johannson.
Deus,que mulher linda !
Que mulher linda!(Eu nunca vou ter uma Scarletu Johansson).

Um anuncio de jornal
Falando de um novo emprego com experiência
Falando do salário,e dos dias de renumeração...


Um novo dia
Uma nova manha
Com as mesmas coisas
Como se a vida fosse um filme repetitivo...


Sim,Sim,esse é o meu inferno.
Esse é o meu inferno pessoal.

Esse é o meu inferno...




domingo, 17 de setembro de 2017

Eu chorei mil vezes antes de sangrar.




Eu chorei mil vezes antes de sangrar
Eu chorei mil vezes antes de sangrar

Antes de essa arvore cinza
Envelhecer
Antes de esse tumulo de concreto
Ser enterrado

Eu chorei mil vezes antes de sangrar
Eu chorei mil vezes antes de sangrar

Antes de você aparecer aqui
Nua
Antes de Keourac morrer aqui
Sozinho

Sim meu amor
Eu chorei mil vezes antes de sangrar


Pois
Assim que se segue a alma
Dentro nessa lata de sardinha

Assim que se segue essa estrada
Cheia de flores venenosas

Eu chorei por mil motivos
Mil razões

Chorei quando o quarto ficou escuro demais
Ou quando a verdade ficou clara demais

Chorei quando vi o meu espelho partido
E as minhas mãos suando de dor

E do final  dos mares de dores
Eu sangrei

Sangrei solitariamente
Voando sobre o céu
Como uma triste borboleta

Vendo a imensidão de Sp
Tentando descobrir o que é casa e o que é tumulo

Mas Baby




Eu chorei mil vezes antes de sangrar
Eu chorei mil vezes antes de sangrar

Antes de Cristo ser crucificado  
Sozinho
Ou de Batista perder a cabeça
Sozinho

Eu chorei mil vezes antes de sangrar
Eu chorei mil vezes antes de sangrar

Chorei com lagrimas invisíveis
Para os olhos dos homens
Chorei com lagrimas visíveis
Para os olhos dos fantasmas


Sim
Quanta Dor
Quanta Dor
Quanta maldições
Quanta engenharias fúnebres!

Oh
E so depois de um longo tempo
Eu sangrei
Sangrei com extrema dor

Eu cai da torre de marfim
Vendo o céu se despedir de mim
E o chão me abraçar com extrema dor


Eu chorei mil vezes antes de sangrar
Eu chorei mil vezes antes de sangrar


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

O velho livro de fotos





O velho livro de fotos contem
Varias fotos velhas.

Fotos do casamento
Da lua de mel em Cuba
Fotos do primeiro filho
Do berço de bebê.


Algumas são manchados por vinho
Ou por lagrimas antigas

Como a ultima foto tirado da vó Celia
Ou
A primeira foto tirada sobre a minha pessoa.


A primeira foto existencial
Guardado a sete chaves.

Lá estava eu
Chorando
E sendo abrigado pelos braços genuínos da minha mãe
E todo mundo ao redor comemorando.


Mas como eu disse
São apenas fotos velhas
Num velho álbum de fotografia.


Do final das contas
Pode aparecer o meteoro
E destruir toda o planeta terra
E essas fotos serão apenas pedaços de papeis
Sendo queimado pelo intenso fogo apocalíptico

Única utilidade que ela  tem
É de ser eternamente inútil
E é por isso
Que eu a amo.

Pois do final das contas
Somos criaturas insignificantes
E do final das contas
É a única coisa que faz a existência ser uma benção sagrada é ser insignificante.



Meio Bêbado.





Aqui da minha cama
Meio bêbado
Vejo a lua novamente.


E parece que
Ela esta chorando.


Eu queria saber o motivo
Eu queria mesmo saber o motivo?


Será que ela  esta chorando por ela?Ou por nos?
Será que ela esta chorando pelo simples fato de que não choramos?
Ou que esta chorando pelo simples fato de que ela tambem é uma criatura solitária?


Bom...

Quem sabe? 

Ausente.






O restaurante lotado
Com risadas e gritos
Pessoas felizes.


Mas uma mesa esta vazia
Cheia de copos vazios e morto
Uma pequena e insignificante mesa esta vazia
Enquanto o bêbado  estava sendo expulso do restaurante.



quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Blues





Aparece sempre figuras do meu quarto
Um dia apareceu um vendedor de limões  fazendo monólogos sobre o quanto é bom os limões dele
Outra vez apareceu uma puta de 12 anos olhando pra mim,pensando se eu era um pedófilo em potencial
E outra vez apareceu uma mulher que escreve poemas,e disse  que o meu trabalho esta perdido e que ninguém vai ler

E ontem apareceu a minha mãe,dizendo que eu sou “um coisinha”,e que ela não deveria ter tido filhos.


Bom,do final das contas,só aparece esse tipo de gente.
Pessoas do mundo lá fora,tentando representar um certo papel,ou um certo estado de espírito
Acho que eles vão aqui pois não tem nenhum lugar pra ir
E boa parte deles devem saber que eu estou aqui pelo simples fato de que não tenho um lugar melhor pra ir

Sempre será assim
Sempre serei um amante nessa louca cidade
Sempre terei que falar,ou escutar,ou conversar com essas pessoas.

E do final das coisas
Só resta mais um blues,ou um jazz

Fazendo eu me lembrar o quanto eu(Caique Nogueira)sou uma pessoa triste. 

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Tudo estará morto




A estatua se permanece
sobre o olhar da doce morte.

Tentando ter aquela postura
inquebrável e onipotente.


Porem a chuva aparece
com gotas quentes e acidas.

Fazendo com que  a estatua
se torne em uma estatua cega.

E a  cegueira se implanta
Sobre a estrada a frente.

A cegueira se implanta
sobre os 7 sentidos dos homens.

A cegueira se implanta
sobre os 7 pecados dos homens.

Fazendo com que a estatua
Seja apenas uma velha e estúpida estatua.

Pois cedo ou tarde
Tudo estará morto.

Pois
cedo
Ou
tarde
tudo estará acabado.

Que as vezes
a cegueira
é um alivio
para a estatua não ver o horror da vida
e dos homens.


Podre.




Beija a minha carne podre
A minha gordura melancólica
As minhas tripas secas.

Sim,meu amor
Sim,meu grande amor

Chupe todos os meus espermas solitários
Monte do minha auto consciência
Bebe todo o meu rum.

Sim,meu amor
Sim,meu grande amor.

Corte todos os meus pulsos
Esmague todos os pedaços do meu crânio
Vandalize o meu coração.

Sim,meu amor
Sim,meu grande amor.

Ri da minha tolice
Ri da minha infelicidade
E abençoa todas as pessoas felizes.

Sim,meu amor
Sim,meu grande amor.


Anuncie o apocalipse dentro nesse quarto
Jogue querosene da minha cama novamente
E Deus,pare de me olhar como se eu fosse um estranho.


Veja só...
O mundo anda tão triste
A civilização é tão cretina
E parece que a sociedade entristeceu os nossos corpos.

Mas pelo menos
Que seja romantizado e glorificado
A ultima gemida
Ou um ultimo ato de vingança.

Pois é melhor ter algo
Do que ter nada.









segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Inferno pessoal




A impressora quebrada
O olhar do psicólogo
O rosto infeliz da mãe
O suor da boca do cachorro...


O quarto cheio de meias sujas
E de gibis do Homem Aranha
Sendo esquecido pelos caras da mudança
Ou pelo um novo corretor de imóveis  ...

As jujubas
E Milks shakes genuínos de segunda feira
Sendo esquecidos eternamente
Dos homens solitários  que estão nos olhando pra lua


E o olho doce de Hitler
Ou  o tiro apático de Mussolini
Fixando os muros das construções que tentamos levantar...


O sonho de verão
Saindo dos teus lábios
E partindo entre os pátios das escolas
Estão agora se despedindo de mim...

Assim  como
A minha guitarra desafinada
Ecoando Power chords solitários
Esta tentando de uma forma estranha
Ignorar a moeda de dez centavos

O único dinheiro que tenho
Para tentar comprar uma bala
Que tem sabor de
Tuti fruti
Ou de morango
Qualquer sabor
que não lembra o sabor de menta...
Pois menta é amargo demais
Além de parecer ser um sabor seco demais...
Para eu suportar
Alem de essa terrível e sinistra solidão...
Deixado do quarto
Ou do imóvel desprezado
Dos autores
Que esqueceram das próprias autoridades



Oh Bob Dylan
Tu já esta longe
Junto com o Beatles
Rolling Stones
E Iggy Pop...

Suas palavras não são mais uteis pra mim
Seus conselhos estão desafinados pro meus ouvidos

Vocês não podem mais me ajudar
Vocês não podem mais me ajudar
Vocês não podem mais me ajudar...


O poço já esta servido
A maça de éden já foi comida
E o fim já foi instaurado pelas correntes de Deus...

William Blake olha pro sol
Vendo os anjos caindo entre as coxas das montanhas do sul
E chora como uma criança solitária...

Eu me deparo com o rio
Vejo o meu corpo lá
E sei que estou sozinho do mundo
Que estou dançando junto com esses trilhos de trem



Vocês não podem mais me ajudar
Vocês não podem mais me ajudar
Vocês não podem mais me ajudar...


Ou talvez eu não quero mais ser ajudado
Nunca se sabe

Talvez eu esteja confuso demais
Ou triste demais

Eu esqueci de tomar os meus anti depressivos
E de pagar  o meu psicólogo
Eu esqueci de me importar com as coisas
E de me importar consigo mesmo...











segunda-feira, 31 de julho de 2017

Janela esquecida.




Uma garota
olha pra rua flamingo
vendo o seu amor dançar com a  menina mais popular da escola.


A chuva chega
molha toda a cidade e todo mundo que esta da rua flamingo
mas mesmo assim os dois ainda estão juntos...


Se beijando
Se abraçando
Rindo como os reis do mundo...

enquanto a garota esta olhando pra aquela cena, como se ela fosse  a maior mulher solitária do mundo.


Mas ela sabe que pode ficar ai
olhando nessa janela esquecida

Pois ninguém vai perceber que ela e a janela existe
Ninguém vai perceber que a dor existe em algum lugar da rua flamingo...
Mesmo que do fundo todo mundo sabe que a dor esta plantada em todos os lugares do mundo
Elas vão ignorar
Sempre vão ignorar

Pois a dor é algo que as pessoas não querem lidar
já que é um ato que doí demais...


As pessoas preferem olhar pro casal alegre dançando da chuva
do que a garota esquecida chorando que nem uma criança...
e isso sempre vai se repetir.
Sempre vai se repetir meu amor.

Sim...meu amor...
Isso sempre vai se repetir.


Você pode rir,e o mundo rira com você
Você pode chorar,mas chorará sozinha.
Sempre chorará sozinha.
Sempre...
Sempre...
Sempre..
Sempre.

Heróis esquecidos



Alguns deles
Vão pro meu quarto
Os tais heróis esquecidos


Eles tem vozes
Aromas
E poderes mágicos...
Os heróis esquecidos...

A suas solidões são magnéticas
E seus atos são considerados criminosos
Os heróis esquecidos do mundo.

Mas eu sei
Que eles sabem
Que certas coisas que eu sinto
Não estão das rádios
Da tv
Ou dos livros...

Estão das faces
Fúnebres
Fortes
E tristonhas
Dos heróis esquecidos do mundo...























Abortado




Você se deitou do minha cama
Fumou mais um cigarro
E ficou vendo um filme que estava passando.

Eu estava indo embora
Indo do bar
Encher a cara mais uma vez.

Porém  você olhou pra mim
Com olhos quase frios
E disse
“Você não sabe amar
E mal saber falar sobre isso”

Eu lhe dei um sorriso triste
Uma resposta sarcástica
E fui embora.


E senti as tuas palavras golpeando o meu peito.


De alguma forma,
Eu senti tudo.

Eu senti as burocracias do mundo
As solidões das relações
E da estranheza de ter uma estranha dentro da cama.


Eu sentei num banquinho da praça
Tentando olhar pro uma arvore triste e cinza.

Depois eu desviei o olhar
E olhei pro um cachorro magro bebendo água de esgoto...

E abortei mais uma vez
A chance de sentir mais alguma coisa
Que o mundo chama de amor...






Lagoa do inferno

Agora vemos os anjos caindo da lagoa do inferno
Com os olhos olhando para o céu
Pedindo alguma espécie de salvação


Assim como vemos as putas passando pela rua consolação
Com as bundas gordas e estúpidas
Falando as mesmas coisas


Alguma imagem trausente
Uma punheta sem pau
Ou um tiro sem bala
Perfurando o crânio dos bebês mortos

O Paraíso indo embora mais uma vez
Junto com a estrela suicida da noite
Junto com os seios de Mona Lisa
Se despedindo com o resto que o mundo deixou pra gente.

Tudo parece um mar de merda
De asneira
De Tristezas sem fim

O homem não faz mais sentido
Ou tenta parecer que faz sentido
Porem mal percebe que não faz sentido

E nada de fato esta acontecendo


Criamos estatuas
Deuses
Artefatos
Estados
E monopólios de poderes
Que celebra o ato trágico
De tentar controlar tudo.


E agora
Nos sorrimos
Como doces perdedores
Perfurando os próprios peitos
Tentando instaurar um ar homicida aos nossos tristes amigos e inimigos

Por que não?
Por que não?
Por que não?


O impacto pode ser doce
A ponte pode ser o abrigo
A água do esgoto pode ser o abraço
O Banheiro sujo pode ser uma igreja


Por que não?
Por que não?
Por que não?

O suicídio  pode ser o portal de Deus
A doença pode ser uma nostalgia  desconhecida
Um poema pode ter estilo
Um poema pode ser divertido
E a vida pode ser barata...

Por que não
Por que não?

Eu não vejo mais a minha sombra
Os espelhos já tem vozes desafinadas
E o meu peito já não tem mais a juventude...

Por
Que
Não?


O rifle já se instaura
Os berros dos gatos retardados já são reverbs das ruas
E eu finjo que não tenho nada a ganhar
E a perder...







quinta-feira, 13 de julho de 2017

Os anjos jogam granadas.

Os anjos loucos jogam granadas
Em cima da lagoa dos  mortos

Tentando queimar
O velho arquivo do mundo

 Mas você sabe
Que um dia eu vou estar lá

Que um dia
Todo mundo vai ser arquivo queimado

A minha guitarra
De 5 cordas
Junto com o meus trocados
Esquecido do bolso
Vai ser jogado
Do infinito destrutivo
E contemplado
Pelo Deus pessimista

Os anjos loucos jogam granadas
Em cima da lagoa dos  mortos

Tentando queimar
O velho arquivo do mundo

E a Marie
Ela esta aqui

Fumando um cachimbo
E tatuando a própria perna

Tentando de alguma forma esquecer
Que eu fui um idiota
Que eu fui um idiota


Pois
Ela sabe
que as tatuagens
que os beijos
vai ser jogado
do infinito destrutivo
e contemplado
pelo Deus pessimista

Os anjos loucos jogam granadas
Em cima da lagoa dos  mortos

Tentando queimar
O velho arquivo do mundo

Tentando beijar o novo cometa

Que vai deslizar sobre as cordas da guitarra...

terça-feira, 11 de julho de 2017

Madame Morte.


Obs: Esse texto é dedicado a minha querida Vó Célia.



Hoje a Madame Morte visitou uma pessoa muito querida.Ela visitou a minha Vovó Esmeralda do hospital público de Vergueiro em torno de duas da manhã.O meu tio Geraldo estava lá segurando as mãos doces da Vó Esmeralda,e depois ele percebeu um sopro melódico que a Madame Morte soprou para o  corpo da Vó Esmeralda.Depois disso ele  viu que era tarde demais para a vó Esmeralda.
A Vó Esmeralda morreu.

Depois disso o tio Geraldo ligou para o meu pai,o meu pai se levantou da cama e foi direto pro hospital.Porém daquele momento já era tarde demais.A Madame Morte já fez o trabalho dela,e apenas deixou flores de plástico do peito da minha vó como uma espécie de conforto(ou de triste ironia).
A Vó Esmeralda morreu.

O meu pai assim como os meus tios teve que cuidar da papelada,pegar os documentos da minha Vó,pensar do cemitério e tudo mais.Ele foi da funerária,teve que ajudar a colocar as roupas  da  Vó junto com o funcionário da funerária.A minha Vó estava pesada demais.Mas ele conseguiu colocar a roupa do corpo falecido.A  Madame Morte não estava mais lá,ela não mexia nessas coisas.Quem mexia das burocracias dos defuntos sempre são os vivos,e não a  Madame Morte.

A Vó Esmeralda morreu.

Em torno de 10 da manhã eu acordei.Minha mãe olhou pra mim como olhos tristes e disse pra eu me preparar.De alguma forma eu já sabia o que ela ia dizer,pois parece que eu  estava seguindo os trilhos que a Madame Morte fez nesses últimos meses.De qualquer forma,a minha mãe avisou...

“Nicolas,a tua Vó esta morta.A Vó Esmeralda morreu.”


Depois disso eu sabia o que iria ocupar o meu dia inteiro.Única coisa  que eu não sabia é se eu iria suportar tudo aquilo.Uma hora depois eu me troquei,me vesti tudo de preto.Eu apenas esqueci do meus óculos,pois eu não queria que as pessoas me visse chorar.De qualquer forma,isso não importava tanto.Passou mais uma hora,o meu pai chegou.Todo detonado,estilhaçado em mil pedaços.Mas ele tentou parecer forte,na verdade ele tinha que ser forte.

Pois a  Vó Esmeralda morreu.


Ela ia ser enterrada do cemitério da saudade.Perto de casa.Mas não sei porque,parecia que o caminho era longo.As ruas estavam vazias,o céu estava ameaçando chover.As putas saíram das esquinas.São Paulo parecia ser a cidade mais triste e solitária do mundo.De fato,a Madame Morte fez uma belíssima festa fúnebre.Com céus cinzas,ruas vazias,vômitos de cachorros e tudo mais.

A Vó Esmeralda morreu.

Quando chegamos do cemitério da saudade,tínhamos que conversar com os funcionários.Eles disse que era pra gente entrar da sala 2 do corredor 1.A minha Vó estava lá,assim como boa parte da minha família.A gente seguiu o corredor,andando até a sala 2.Do meio do caminho a gente só viu pessoas chorando,andando sem nenhum destino,pessoas partidas em mil pedaços.A gente chegou da porta 2,e eu vi a minha tia Dilma sair de lá com os olhos vermelhos e o rosto molhado.Eu vi também alguns dos meus primos,tios e amigos.Tudo mundo estava triste,chorando,ou então tentando não chorar.Do centro da sala estava o meu tio pastor perto de um tumulo recheado de flores.Um tumulo recheado de flores onde a minha Vó estava estabelecida.As pessoas tocavam da mão dela pra ver se ainda tinha um pouco de calor vivo.

A Vó Esmeralda morreu.

Passou um tempo.O meus pais ficaram pra fora da sala,tentando tomar ar fresco.Eu simplesmente não fiz isso.Eu fiquei lá parado como cera,olhando pro túmulo,olhando pro rosto partido dela.Daquele momento eu tentava aceitar aquilo,mas algo doía por dentro.Algo incendiava o meu coração,tirava um pedaço dele e jogava da cesta de   lixo.Aquilo doeu pra caralho.

A Vó Esmeralda morreu.

Passou meia hora olhando pro rosto da Vó Esmeralda.Enfim chegou os pastores,os caras que iam fazer belos discursos e tudo mais.Eu ouvi aquilo,assim como ouvi as canções clamando por Deus e por um mundo que seja melhor que o nosso.Durante todo aquele ato,eu continuava olhando pro rosto morto da Vó Esmeralda.Aquele foi o momento onde a moeda realmente caiu da ficha.Aquele foi o momento que eu percebi mesmo que ela morreu.Onde eu percebi que não vai ter mais Domingo da casa  dela,que eu não ia mais comer aquele delicioso bolo de cenoura que ela fazia,que eu não ia mais levar broncas dela,ou então eu não ia mais receber os telefonemas que ela me dava quando eu fazia aniversario.A Vó Esmeralda se foi.Eu chorei que nem uma criança  perdida do shopping sem a vista dos pais.

A Vó Esmeralda morreu.

Eu me senti rodeadas de pessoas,mas ao mesmo tempo  me senti totalmente só.Por mais que todo mundo compreendia aquilo,sentia aquilo junto comigo...eu me sentia só.Nenhum abraço poderia me reconfortar,nenhuma frase poderia me deixar bem,nenhum ato bondoso me deixaria alegre. Ninguém poderia me salvar,eu estava fodido.Eu estava delirando,eu estava  chorando não só aquela ausência que a Vó Esmeralda  fez hoje,mas a ausência que ela vai fazer pro resto da minha vida.Ela era umas das poucas pessoas que me compreendia.

A Vó Esmeralda morreu...

Bom,depois de toda aquela  cerimônia os caras do cemitério apareceram.Eles chegaram com um carrinho pequeno.A minha família pegaram o túmulo,colocou do carrinho com a maior delicadeza.Os caras da funerária dirigiram com delicadeza.Engaçado,quando a gente fica vivo,as pessoas nos tratam como merda ,mas quando alguém morremos,as pessoas nos tratam com uma extrema delicadeza.O que a Madame Morte fez com o mundo para que ele funcionasse de uma maneira tão estranha?Será que a culpa é realmente dela?
Será que a culpa é inteiramente nossa?

Bom,eu só sei que a  Vó Esmeralda esta morta.

O carrinho levou aquele túmulo lentamente ao destino.Eu caminhei junto com a minha família.Eu dei uma olhada pra trás,e vi que tinha varias pessoas seguindo o tumulo da minha Vó.De fato,ela era uma boa pessoa,e todo mundo ama ela.Foi um momento muito bonito.A caminhada durou pouco,o carrinho parou do local que ia ser enterrado.Eu dei uma olhada pro local,era um longo buraco.Eu vi eles colocando delicadamente o tumulo da minha vó dentro daquele buracão,e depois eu vi o meu tio Geraldo pegar a pá e colocando a terra sobre o tumulo.Eu senti o peso da terra sobre o tumulo,e eu vi o tumulo desaparecer sobre o rio de terra.Ela se foi.

A Vó Esmeralda  se foi.

O funeral acabou e eu fui embora.Fui pra minha casa.Cheguei lá em torno de 19:00.Eu entrei do meu quarto,toquei um pouco de guitarra e depois  vi você deitado da minha cama. Sim,você mesmo Madame  Morte.

Você  estava nua,com os seios pra fora,mostrando um corpo lindo e escultural.Os teus olhos são negros como a noite, a sua boca é  vermelho bruto como a rosa da primavera perdida,e a tua pele é branca como a neve.Oh Madame Morte,tu es linda demais.
E as vezes cruel demais.


Ela sorriu pra mim.Um sorriso misterioso e ao mesmo tempo soturno.
Ela me disse
“Você vai ter  que se costumar a conviver comigo Nicolas.Você sabe disso certo queridinho?”

Eu olhei pra ela e disse
“Você sabe que ninguém gosta de conviver contigo queridinha.”

Ela riu alto,e replicou...
“Não é isso que você pensava dois anos atrás.Certo?Eu lembro como você  era.Você pedia a minha ajuda toda hora.”

Eu olhei pra ela com raiva e disse
“As vezes você é uma puta.”

Ela me deu um sorriso bravo e disse
“Não,eu não sou uma puta.Você sabe muito bem disso meu queridinho.Pois toda puta tem um preço,e eu não tenho preço.Você pode ser o cara mais gostoso ou rico do mundo,que eu não vou me recuar perante aos meus serviços.Eu estou sempre em serviço.Nunca aposentei,nunca tirei férias.Folgas?Não.As pessoas pensam que as vezes eu tiro folgas,só que do final das contas eu sempre a surpreendo.Eu sou surpreendente. “

Eu fiquei olhando pra ela,só que com tristeza.Eu não tinha raiva.Não mais...

“Só me diga uma coisa.Responde apenas uma pergunta...”

Ela demonstrou uma certa  curiosidade...
“Sim,diga-me o que tu pensas.Que pergunta  você quer fazer?”

“O que acontece depois?”

“Como assim depois?”

“Depois de você fazer o seu trabalho,por onde as pessoas vão?Existe Deus?Existe paraíso?Existe inferno ou coisa do tipo?”

Ela olhou pro teto,ficou refletindo por um bom tempo e depois respondeu.
“Hum...eu não faço ideia Nicolas.Não faço a mínima ideia.”

“Poxa vida!Eu pensei que você sabia...”

“Hahaha!Minha doce criança!Eu não sei de nada.Eu só sei que nunca descanso.”

“Hum...que pena...”


Ela saiu da minha cama,ficou me encarando com um sorriso erótico(de fato ela era muito linda) e disse
“Estou indo.Mas eu lhe desejo uma boa noite.E não se esqueça de mim”

Eu olhei pra ela e dei um sorriso cínico.
“Não,não vou te esquecer.”

Ela riu e disse
“Que bom,pois você sabe que eu não vou esquecer de você.Cedo ou tarde eu vou te pegar.Ah como vou...”

Ela riu novamente e saiu através da minha janela.Eu olhei pra fora e ela sumiu.

“Hum...que criatura estranha...”Pensei comigo mesmo.

De qualquer forma,aqui estou eu.Dormindo com as trevas,recebido pelas luzes do amanhecer futuro.Vendo os meus queridos morrerem,e conversando (de vez em quando) com a Madame Morte.