Com a mortalidade da minha ponta da minha língua.Eu anúncio
uma magia,ou um ato de profunda tolice para os senhores:Devemos sim
morrer,devemos sim morrer.Pois a morte é um ato esperado,duro e frio,e devemos
ter ele,devemos temer por ele.Ele tem que olhar pro nossos olhos e dizer”O seu
tempo é limitado” e obviamente a gente tem que fazer uma coisa.
Morte,morte,morte.Deus,eu falo demais da morte.Eu já escrevi
“magia da morte” mais esses assuntos sempre ficam da minha memória,e do meu
coração.
Eu estava sonhando ontem,um sonho curto e bonito.Depois das
movimentações rotineiras,coisas como as ocupações estudantis dentro da minha
escola técnica ETEC,as insurgências do SUS e alguns compromissos
artísticos,eu...pretendi sonhar,e ironicamente eu me vejo em um sonho bonito e
duro.
Eu estava dentro de uma neblina,profundamente cinza.Eu
caminhei em frente,para ver aonde eu estou,e do chão percebi que eu estava
andando num campo verde e estreito,eu olhei pra frente,e vi uma luz
vermelha,continuei andando em frente.Depois eu vi um cavalo,do meio naquele mar
de nevoa e campo verde.Eu estava com medo com o que eu tinha que ir em
frente,nunca se sabe,pode ser um riacho,um buraco negro ou coisa do tipo ,mas
eu montei do cavalo e a gente seguiu em frente,tentando seguir aquela luz em
movimento.
Quando passou meia hora de viagem,apareceu um homem montando em um cavalo,ele estava com o
fogo,ou com a luz do fogo,difícil dizer.Era o rosto nele,era o rosto nele que
pegava fogo,mas não alterava o rosto,apenas iluminava o rosto.A cor do fogo é
ardente,porem contida e melancólica.Eu
fui ver o rosto do homem,era Nietzsche,e claramente deve ser ele antes de ele
se enlouquecer totalmente. Pouco antes de ele morrer. Nietzsche estava pegando
fogo do rosto.
-Nietzsche,é você cara?
Ele olhou pra mim com um olhar desdém e triste, e o rosto ainda
pegando fogo.
-Sim,acredito que sim,e quem é você?
-Um homem que le os
seus livros,você é um grande escritor
-Obrigado,apesar de que muita gente não gosta de mim.Eu sou
considerado esquizofrênico ou louco pela
maioria
-Dane-se eles.
-A verdade,é que eu posso estar acreditando meu caro jovem.
-Então não acredite.
-Não sei,o meu amor...ela se foi,e a morte ,sinto que ela
esta aqui perto.
-Ela sempre esta aqui perto
-Sim,só que agora...esquece.Aonde você esta indo?
-Eu não sei,finjo que estou andando em um mundo sem sentidos
humanos
-Mesmo assim,tenha o seu prazer.
E ele saiu voando em frente,sem dizer adeus,berrando e
uivando “Uhu!” com o seu rosto pegando o fogo ardente. Depois eu acordei e fui
tomar banho,tentando entender o motivo naquele sonho.
O que dizer sobre Nietzsche?Varias coisas:Tem gente que
odeia ele,e tem gente que o ama,dado ao seu estado filosófico,ou o modo como
ele escrevia,pois parecia que cada verso é uma inspiração nova e saudável. Como
se ele quisesse viver mais um segundo,como se a morte estivesse perto da casa
nele,e ele tinha que viver os últimos instantes de sua vida com maior tesão e
aproveitando ela o Maximo possível.
Porem teve a melancolia,a solidão,e tudo mais.O que dizer
sobre isso?A solidão é o veneno que so os fortes aguentam,eu de fato não posso
julgar isso,não tenho o direito.O que me
parece é que ele deve ter piscado do abismo,ou então o estudo poético e filosófico
nele o levou ao profundo abismo.
Eu acordei,tomei um cafe,pensei da Caroline de novo,tentei lembrar de tudo:da minha cidade,da minha vida,e da minha morte,e de Deus sim.
Pois existe um segredo que eu vou contar pra vocês:Deus existe,e a alma inquietante de Nietzsche também.