quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A importância da musica.




Nelson esta esperando a sua mãe descer do quarto e chegar até a sala.Ela levou meia hora,pois estava gritando com o seu querido pai,e o pai esta gritando com a sua querida mãe.Nelson tinha problemas pessoais o suficiente:marcas do pulso,hematomas em torno do seu corpo magro e infeliz,suicídio como forma de uma possível redenção em uma cidade que não vende redenção.

A  mãe de Nelson desce pelas escadas.Lentamente.Parecendo que ela estava se movimentando em câmera lenta.Ela chega até a sala e pede pra que o Nelson sente,e ela senta do mesmo banco que ele.


O rosto da mãe de Nelson estava vermelho,os olhos também. Parece que ela berrou e chorou bastante.Nelson apenas estava triste pelo estado em que a mãe esta,e naturalmente esta triste  consigo mesmo,alias parece que ele não é um filho desejado, e naturalmente parece que ele é mais uns dos problemas que os seus pais problemáticos sofrem.

O pai esta trancado do quarto.Nelson imagina vendo o seu pai chorando.Mas claro,o pai de Nelson é conhecido por ser um velho coronel durão e casca grossa,ele não choraria da frente de ninguém,principalmente de sua família.

A mãe de Nelson o olha seriamente,sem dizer nada.Ela,com o seu rosto de mulher velha,que um dia(apenas um dia) foi uma mulher alegre,bonita e cheia de juventude graciosa a florescer.Ela com os seus olhos castalhos melancólicos e acinzentados declara para o Nelson o fatos que ocorreram do quarto em que ela e o pai do Nelson brigaram.E esses fatos seriam tão alarmantes que a mãe de Nelson não teve nenhuma opção a não ser oficializar o evento triste e infeliz.
O que ocorreu foi simples e direto: o pai de Nelson traiu a mãe de Nelson mais uma vez.Mais uma vez com a mesma puta.O pai de Nelson confessou agora pouco  que gostava de transar com putas,já que a mãe de Nelson segundo a concepção do pai "Ja faz tempo que não chupa a minha piroca".
O pai de Nelson se sentia insatisfeito sexualmente,e unica coisa que o faz ele ter ereção sexual é trepar com a mesma puta de sempre.A mãe de Nelson oficializa o fim do longo casamento que os dois possuem,e declara que vai morar sozinha sem a presença do querido Nelson.


Nelson sabia (ha um bom tempo) sobre os considerados atos de traições que o pai dele  do passado.Porem ele pensava que ele não fazia mais isso,porem ele estava enganado,e mãe dele vai embora em sua rotina diária.

Ele perguntou pra mãe se ele podia ver ela.Ela disse que sim."Duas vezes por semana." Porem terá que viver com o pai,ja que ela não tem condições econômicas para sustentar o jovem Nelson.Nelson chora por um instante,e percebe que esta mais sozinho do que nunca,mas ele concorda com que a mãe disse.E o foi isso.


A mãe dele foi embora,pegou as malas,e disse tchau e cai fora.Sim,sim,ele vai ter as duras manhas sem o café delicioso de sua mãe,sem  a sua risada histérica,e sem o seu carinho extinto e inatural.Por mais que os dois brigavam bastante,Nelson amava a mãe dele.Ele a vê a sua mãe saindo do portão lentamente,como se ela estivesse andando em câmera lenta.Depois vê o táxi chegar até o portão,e ela colocar as malas do porta mala e entrar dentro do táxi. Aquela mulher em que ele viveu dia a dia por 16 anos,agora vai ver so duas vezes por semana,

Nelson tentou ir até o quarto onde o pai dele esta.Porem o pai dele ficou em silencio e passou o resto do fim da tarde trancado do quarto.Talvez chorando,ou então  pensando em que ele pode fazer.

Nelson faz o mesmo:ele vai até o seu quarto pequeno e solitário.


Ele sabe muito bem onde escondeu as tais laminas,e consegue pensar mais uma vez em suicídio. Talvez ele corte rápido ou lento demais,talvez isso seja alguma especie de salvação.Talvez ele não precise mais viver,e nem passar os seus dias dentro nessa cidade maldita chamada São Paulo.Talvez ele não precise mais ver o seu pai solitário e casca grossa,e a sua mãe infeliz e mal comida.Talvez ele não precise engolir todo esse longo e monótono progresso.


Ninguém  nesse exato momento parece ter algum tipo de empatia.Nelson não possui nenhum amigo ou ente queridos. Ninguém ia sentir falta,e ele se sentiu o homem mais solitário do mundo.


Porem...porem...ainda tinha alguma coisa,algum segredo,algum mistério: possui um cd de rock embaixo de sua cama,um cd poderoso e mutavel como a vida.

Nelson pega o tal cd.E o cd parece ser tão solitario quanto ele.E isso por hora parecia ser algo bom,ser algo muito bom.Pois por hora os dois (O cd e o Nelson) seria amigos.


E tudo que o Nelson vai passar ou já passou parece ser algo que ainda possui redenção,ou salvação,ou um bocado de decência.

Talvez a salvação seria isso:uma musica poderosa.A importância da musica,ou a emergência da vida.

Uma garota pode cruzar a esquina e disser "Bom dia" pra você.Uma garçonete pode trazer um sanduíche bem suculento que você pode comer,um mendigo pode tentar te ajudar,um beijo de uma garota pode te deixar com tesão e tudo mais.

E Nelson segue a sua vida,deitado com a sua solidão dentro do quarto,ele e o cd. Ele  e a musica,e isso (por hora) o salvou.







quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Erotismo e Tristeza.





Belos joelhos.Belas pernas.Belas coxas.Belos seios

-O que você acha quem é melhor?Kant ou Nietzsche?

Belos sorriso.Belo rosto.Belo corpo.Belo dentes.

-Não gosto de filosofia Baby.

-Porque não?-Indaga ela,deitada ao meu lado,com os peitos nus.

Com um belo par de olhos verdes.E uma bela boca.Belo boquete.Bela manha.

-Acho que eu interpretei errado.Todo filho da puta tem uma filosofia,mas eu não gosto de filósofos.

-Porque não?-Indaga ela novamente,olhando de maneira seria pra mim.

E eu apenas toquei do seu segredo vulgar embaixo de suas pernas.

-Bom....
Eu dei uma tragada do meu cigarro e olhei pro teto do apartamento dela
-Eles são tudo veados sabe?A maioria dos filósofos são tudo veados.
-Veados?
-Sim baby,sim.Acredito que a maioria deles nunca comeram uma xoxota ou coisa do tipo.A maioria deles não consegue aceitar a vida como é,então unica redenção que eles tem é cagar regra pra todo lado,ou então falar baboseira para um bando de gente que quer bater punheta.

-Nossa,acho que você é um idiota

-Hum...talvez sim,mas a vida é isso mesmo meu amor:ela faz a gente ficar idiota.

Eu beijei a boca dela lentamente,e toquei do seio esquerdo,lentamente...lentamente...

O sol ilumina a nossa janela.Os anjos ecoam as suas doces trombetas

-A sua explicação não me convence
Indaga ela novamente,roubando o meu cigarro.


-Veja só:Kant pra mim é um bundão,um bundão que não conseguiu viver num mundo cruel e sombrio que nem o nosso,e unica alternativa que o veadão teve para curar a sua alma fracassada é cagar um monte de regras do que ele considera certo e revigorante. Nietzsche é outro,se finge de entendido,mas na verdade  ele era um cara triste e achava a vida algo horrível demais.Bom...talvez essa seja a minha opinião,ou talvez não.Talvez eu esteja certo.Talvez não.Mas me diga algo baby:quem nesse maldito mundo se importa com essa merda?

-Hum...ainda acho que você é um idiota.

-Todos nos somos Baby.Até um pedaço de bom caminho como você é idiota.

-Eu não me acho uma idiota-disse ela,fazendo um bico estranho e fumando o meu cigarro.

Oh sim,e que belo bico.

-Veja só:o que podemos dizer é que a vida é de fato uma aventura.

-Porque você diz isso?

-Bom,porque eu acho que a vida seja de fato uma aventura:temos que correr para pegar o ônibus que nos leva até o trabalho.Temos que chegar até o nosso trabalho e cumprir as nossas derivadas metas e tentar agradar  a sua empresa e o seu publico alvo.Depois você tem que arranjar um tempo pra mijar e não molhar as calças,depois tentar arranjar um tempinho pra tragar um cigarro ou bater umasinha...

Ela se levanta da cama e coloca as roupas.Lentamente.O rabão ainda estava nu:rebolando aquele rabão moreno de maneira lenta e melódica.

-...ou como chegar a tempo até em casa e não morrer de cansaço ou de solidão.Sabe quanta vezes a gente teve que cagar ou coisa do tipo?

-Meu deus...você é mesmo um idiota.Não sei porque eu transei com você.Ah eu sei porque:porque você parecia ser uma pessoa  sensível.

-E eu sou.

-Sim,só que você também é idiota.

-Você tem que aceitar o pacote completo.Poxa vida,não fique magoada só por causa do fato de que eu não goste de nenhum tipo de filosofia.A burrice é universal.

Ela coloca toda a sua roupa,me diz que eu tenho que ir pro inferno.Eu pergunto pra ela o que ela ia fazer a noite,ela disse "Nada".

Eu a conheci do bar ontem,quer dizer...nos conhecíamos há um bom tempo.A gente estudava da mesma escola.

Sabendo da minha maestria de charmoso,eu a paguei um copo de chope e ofereci o meu copo quente  de cerveja.Ela aceitou com gentileza.

Ela é bonita,morena e boa de papo.E eu sou apenas mas um idiota solitário.

Conversávamos sobre os velhos tempos.Ela falando o quanto ela era popular e o quanto eu era engraçado.Assim como falava com certa nostalgia  o seu baile de fantasia com o príncipe Harry  do colégio ou coisa do tipo. A cerveja rolava e rolava e a gente deitou-se da cama do quarto nela.Isso foi um dia atras.Não sei...parecíamos íntimos. Ela sempre foi esperta,porem arrogante demais.

A verdade é que os relacionamentos sempre são complicados e conflituosos: do começo a gente parecia ter uma boa sintonia,principalmente da cama,depois a gente meio que teve uma discordância
relacionada a filosofia.Claro,claro...ela me acha um grande idiota cínico,e talvez eu seja,e me deixou eu lá com o meu pau pra fora.Por que?Por que?


Oras porque eu provoquei isso,eu senti isso.Eu tenho que descontar a minha merda com outra pessoa,independentemente se ela é boa ou ruim.A verdade pura é:tem algo dentro de minha consciência,pedindo todos os dias que eu machuque alguém. As vezes eu consigo,as vezes não.Ou as vezes possui momento como esses,que parece que a vida é uma divisão de inquietação e paz:um gole pequeno do inferno da tristeza,e uma chuva tímida vindo do paraíso da satisfação.

Oh minha doce mulher,meu doce pedaço de mulher.So espero ver em breve,pois eu sempre estarei aqui:idiota e cínico. Desumano e Humano.







segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Aprender e sofrer.





O desencontro se abre
entre as pernas
nessa doce manha
e futura noite triste.

Junto com artimanhas
perigosas
e romanticamente pornográficas dos súbitos santos extintos em minha falida
consciência.


O beijo da puta
é o estupro do amor.
É uma  banalização do ato da vida
e das coisas.

E as tripas do cachorro
é o vomito do meu interior.
Infantil e indecente.


Oh mas esqueças de tudo isso
minha jovem natureza primata.
Esqueça do golpe da chuva,esqueça do ruir do amanhecer.
Esqueça do milagre de vinte anjos do inferno,esqueça o Dante em seu inferno pessoal.

Apenas lembre por hora os momentos duradeiros e finais
de sua respiração ofegante.

E ofereça para essas mortas estrelas
o descompromisso do compasso do amor
e da paixão.

Não somos diferentes
e não somos iguais.
Mas podemos sentir as mesmas coisas.

Podemos passar por essa ponte.
Podemos pular sobre esse lago de fogo.
Podemos chorar...que nem crianças...

Sim meu amor
Sim meu amor...
Ainda somos crianças
Ainda somos crianças

Temos muito pra aprender
e sofrer.

domingo, 14 de agosto de 2016

Musica sem cantor.




Ela se vai...
Sempre se vai.
Abre a porta do apartamento
E coloca aquela roupa de menininha da escola.


Passara pela Avenida João Soares
e fumara aquele baseado estragado
e depois vai apagar,esperando pelo tio da perua.



E eu?Eu agora sou apenas mais uma pessoa tentando ser antissocial
ou covarde.

Apenas me lembro das moedas antigas feitas pela melodias da nostalgia
e da efêmera e banal saudade.


Eu me lembro de alguma garota bonita me levar pra casa.
Triste,magoada,e sem expressão do rosto.
Alem de uma marca roxa de seus lábios,e olhos barrotados
quieta como a noite,e triste que nem uma cisne branca.

Unica coisa que sobrava daquele momento silencioso  era uma fitinha boba dentro da radio do carro.
Uma fitinha de musicas  que segundo ela era uma fitinha de  "jazz".
Ela sempre tocava aquela fitinha que tinha musica Jazz.
E ela sabe que eu gosto de musica cantada.

Sempre reclamando eu dizia"Poxa vida,você gosta de tocar musica sem cantor".
Ela sempre sorria e dizia"Sim,as vezes eu acho cantores figuras arrogantes demais" parecia que ela estava se referindo a mim.

A musica ecoava,e ecoava sobre o carro.
E nos dois estávamos quietos e tristes.

Me levou pra casa
E depois não voltou mais.


Apenas disse que eu sou um grande idiota
que se finge em ser solitário
só que do fim é apenas um idiota que não consegue  ser corajoso.


Assim como eu sei que ela foi embora.
Eu sei que mais um vai embora.

Talvez a garotinha vestida de estudante.
Ou a minha inquilina.
Ou até mesmo a minha alma.

Mas claro,claro,não me preocupo.
E sinceramente não tenho dó de mim mesmo.

Pois do fim eu sei que ainda tem musicas que precisa de cantores...




sábado, 13 de agosto de 2016

O meu coração







O  meu coração bombardeia as melodias das ruas.
Bombardeia os olhares das crianças faveladas  e
das putas fragmentadas.
Das cidades tristes em que vivemos.
Das casas perdidas em que moramos.



Alcança o grito uivante do monstro da solidão.
Masturba  de maneira ponográfica os anjos da noite.
Mata de maneira uivante todos os inimigos e amigos.


Late que nem um cachorro burro e torto a próxima visita
A próxima mulher
A próximo beijo
A próxima chupada
A próxima ilusão
A próxima tristeza


E    tira as roupas de todas as musicas que cantamos
Inventamos

As musicas dos silêncios.
As musicas dos amantes perdidos.
As musicas do homem solitário voltando para a sua casa solitária.
As musicas de todos os olhares perdidos e aleatórios do mundo.


O meu coração é apenas meu
Meu partido,minha politica partida

Mas com certo tom de clichê e desdem
Eu dou alguns pedaços para algumas pessoas

Tento fazer um sol pequeno para o mundo nessas pessoas
Tento mostrar que eu posso amar você,eu,\ porra toda, a vida toda.

Amar a morte,amar a vida.
Amar a razão,amar a loucura.
Amar a deslocação do mundo,amar a deslocação dos beijos e despedidas.
Amar os encontros,amar as despedidas.
Amar os erros,e amar os acertos.

Amar a minha perdição e meu encontro.

Que seja flagrado pelos olhares de marinheiros loucos
De piratas urbanos
De políticos ridículos e ousados
De damas chiques e de putas tristes
De becos com fins e sem fim.


Sagrado seja a felicidade
A tristeza
O horror
A magia


Os monstros
As sereias
As melancias
As rosas do outono
E da primavera

A gordura
de suas pernas.

A leveza
do soco pesado.
O bale
dos desajustados socais.
O concreto
dos verdadeiros sonhadores .
A dureza
do mundo real.
A decomposição real
das ilusões dos cabelos de doces princesas
e tristes mulheres.

Oh Deus !
Oh Diabo !
Oh Ciencia !
Oh Tragedia !
Oh Decência
Oh historias e historias...
formalidades e informalidades...


Agora eu devo simplesmente me deitar
me  largar,
andar pelas correntezas dos mares,
correr sem destino por um fim já trilhado
e acidentes já não previstos.

Tudo é uma aventura
Um horror de beleza e feiura.

Aqui
Bem aqui
Nesse maldito peito
Nesse maldito corpo.

Pode arrancar ele.
Mas não hoje .
Não hoje.

Talvez a gente se diverte mais um pouco por ai...



quinta-feira, 11 de agosto de 2016

O poeta tem que morrer mais de mil vezes.






O poeta tem que morrer mais de mil vezes.
Sim,ele tem que morrer mais de mil vezes.
De mil maneiras diferente.
Com mil motivos variados e diversificados.


Carlos Reinaldo por exemplo,
ele é apenas uma bichona local.
Ele gostar de chupar todas as rolas que aparece da Avenida Flamingo
e vende o seu cu com o preço de atacado.

Teve um dia que um negão meteu a lorota do rabo dele
e o senhor Carlos Reinaldo morreu de tanto ter recebido rola.

Ou então a Dona Denilse,a velha viúva da sala 23 igualmente da rua flamingo.
Ela tem apenas 23 anos e já parece uma mulher velha.
Ela amarrou o seu amante Don Juan da sua sala de estar.
Ele que a trepou e a comeu mais de mil vezes
com varias posições diferentes.
Ela  com raiva de si mesmo corta o pescoço de Don Juan já que ele sempre a deixa sozinha
e Doan  Juan fica morto em frente da Dona Denilse,ela que sem duvida vai morrer de solidão.

Ou então me fale da historia de João Carlos,um junkie andando perto do cinema “Paraíso”  perto do bairro republica.
Ele sempre tem uma seringa e um pouco de pó pra cheirar e implantar.
Ele largou tudo do passado:largou as filhas,as esposas,os amigos,os  familiares e preferiu virar um viciado em heroína.
Hoje de manha ele foi encontrado dentro do cinema Paraíso ,com o pau pra fora,e com a boca babando..

E sim,me fale da garota chinesa que apareceu dentro de minha casa,a maravilhosa Bao-Anh.
Ela sempre apareceu aqui e sempre me ofereceu amor.
Porem teve um belo dia em que ela me  deixou sozinho e eu apenas queria morrer.
Eu cortei o meu pescoço perto do meio dia. 

Sim,eu também já morri afogado durante a primeira guerra mundial.
As bombas de gás chegaram  e eu me escondi de um lago sujo.
E lá eu morri afogado.

Eu também morri de vários inimigos de varias épocas diferentes.

Já estive do lado certo.
Do lado errado.
Já fui herói,
e vilão

Já atirei em gente inocente,
e gente culpada

Matei a mim mesmo,
e envenenei a minha alma só por diversão

Queria ir do fundo da latrina
e do fundo do paraíso.
Queria ir pro inferno.
Conhecer Deus
e Satanás.

Me confundir com os perfumes da vida
Com os odores da morte

A travola redonda
Com o as comissões de Brasília.

A bomba atômica
Com as flores de meu aniversario.

O amanhecer
Com o holocausto.

A vida partida de um soldado
Com os lábios partidos de uma puta.

Eu.
Eu.
Eu morri mais de mil vezes.

Cai da vida e fui fodido e prevalecido mais de mil vezes.

E agora?Bom,nunca se sabe.
Eu posso ser outra pessoa,outro ser.
Eu posso acordar as 6h da manha e morrer do fim da noite.
Eu posso ir até o cinema e morrer vendo o ultimo filme de Kubrick,
ou o lendo ultimo romance de Dotovieski





sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Eu vi as coisas meus amigos





Eu  vi as coisas meus amigos


Sobre o Zoológico de Lewis romântico
eu vi todos os animais fazerem amor...sem motivo nenhum

Eu vi  as coisas meus amigos.

Os céus desolados e ausentes.
Os céus brutos e tristes.

Mais o que podemos fazer  se tudo que é belo é pesadelo?

Oh apenas me traga o vento!
Ou a raiz do vento!


Deitei com Joana a rainha.
Ela tinha mãos suaves...transando com as minhas mãos machucadas


Lá do seu castelo solitario ,a  cicatriz da noite é marcante.
Pois de todos os olhares das terras eles me olham.

Mais o que podemos fazer se tudo que é belo é pesadelo?

Oh traga-me o vento!
A raiz do vento!


Deitei com as arvores de Eden.
Elas(as arvores) falaram com doçura
"Porque triste homem você gosta da imperfeição?"

E eu desesperado  com a pergunta apenasfugi
Fugi
Fugi
Fugi
Fugi
até chegar ao outro lado do espelho
e da alma.

E sinceramente
Eu não gostei nada do que eu vi

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Cemitério da Saudade.




Bom,quem é de São Miguel Paulista,Vila Curuça,Jardim Robru,sabe onde fica o cemitério da saudade.Um cemitério gigantesco que fica do bairro de São Miguel.Lá vários amigos meus morreram,assim como pessoas que moram nessas redondezas.Acredito que quando eu morrer eu vou ficar nesse cemitério,assim como alguns dos meus entes amigos e parentes.Naturalmente a gente não gosta de ir num cemitério alem de visitar pessoas queridas que estão a sete palmos embaixo da terra. É um lugar naturalmente seco,frio e cheio de sentimentos de saudades e tristezas.Possui inúmeros túmulos onde cada ser humano possui uma historia diferente.Do cemitério da saudade é um cemitério gigantesco,cheio de túmulos brancos e outros decorados,possui uma igreja monumental e belíssima dentro de umas das entradas,e como eu afirmei antes é um cemitério bastante conhecido pelo bairro São Miguel.Eu considero o nome quase sintético,como um riff de guitarra da banda de rock   Rolling Stones:Cemitério da Saudade.Oras,oras...o que a gente deve sentir quando vai ver um tumulo de um  querido falecido é saudade.

Nesse texto eu quero sintetizar uma saudade nostálgica e sentimental,se os meus queridos leitores acham que eu estou sentimental demais,eu peço desculpas mesmo,porem eu não quero apenas falar de uma dose relevante de saudade,assim como eu quero falar de perda,descoberta,curiosidade,e infância. Bom,com isso informado,eu vou adiante com o meu texto falando um pouco sobre o cemitério da saudade.

Eu tinha 5 anos,era criancinha.A minha característica é típica de qualquer  criança de 5 anos:tímido,pequenino,inocente e curioso.Daquela época o que a gente queria não era mulher,nem xoxota,nem putaria ou coisa do tipo.O que a gente queria era jogar Street Figther 2 o dia inteiro,ficar com os amigos,não querer tomar banho,e ser um dia um grande super sayajin. Com essa inocência admirável nesses tantos poucos anos,eu Sr Thomas fui noticiado do dia 20/07/1999 que a Vovó Matilda morreu!Sim,a querida e doce Vovó Matilda morreu!Eu fiquei chocado com aquilo,não porque ela morreu,mais sim pelo fato de que a minha mãe estava chorando enquanto conversava com a minha tia Regina.

Minha mãe desligou o telefone e foi chorar do quarto dela.Eu a segui e perguntei pra ela o que aconteceu,ela ajoelhou até mim e disse “Querido Thomas,a vovó Matilda morreu” eu fiquei encarando e perguntei o que seria  o conceito de “morrer”.”Como assim morreu mamãe?”
Ela continuou olhando pra mim e disse que quando alguém morre,ela vai embora pra sempre,e nunca volta.Eu fiquei com medo e perguntei”Ela foi embora?Não vai voltar nunca?” Ela apenas disse”Bom,não vai voltar aqui,da vida sabe?Nesse mundo que a gente esta”.Depois disso eu perguntei se eu também um dia vou embora ,minha mãe apenas disse”Sim,só que um dia a gente vai se encontrar”.Aquilo me aliviou,mas claro me deixou um pouco triste. Eu pensei da Vovó Matilda e fiquei triste,pois quem ia fazer aqueles doces gostosos?Quem ia nos fazer rir e dar um pouco de gentileza?Quem vai convidar todo mundo pra ir da casa da vovó e se divertir?Quem vai servi os prato dela?Quem vai contar uma nova piada boba?Quem vai ter o mesmo carisma que a vovó Matilda?Ninguém.

 Bom, dois dias depois da notícia,a família toda foi do cemitério da saudade para comparecer do funeral.Pra mim antes,o cemitério da saudade era apenas um jardim,mas não,segundo a minha doce mãe:”Cemitério da saudade é uma espécie de jardim onde a gente deixa as pessoas embaixo da terra” .Eu não entendi muito bem,eu perguntei pro meu pai e ele disse que é um lugar onde guarda pessoas mortas,que já foram embora espiritualmente ou coisa do tipo.
A gente,eu meu pai,e minha mãe entramos do cemitério,eu perguntei pra minha mãe se eu podia ver  o corpo de minha vó,ela disse que não,que eu sou jovem demais pra ver um corpo morto,e a vovó Matilda já foi enterrada.Todos nos fomos lá,visitar  o tumulo da vovó,ouvir o padre falar algumas coisas sem sentido sobre Deus,redenção ou coisa do tipo,e Deus até fez uma chuvinha amarga para nos abençoar.Só que a maioria ficou chorando,e eu não sabia o que fazer daquele momento,se eu rio ou choro de tristeza.Eu não entendia.

Bom,a gente foi embora  do cemitério da saudade,e quando chegamos do portão a gente viu outro grupo de família carregando o tumulo de outra pessoa que foi embora,eles também estavam com rostos tristes e carregados de flores.Do tumulo de minha vó tinha um monte de rosas ,rosas vermelhas.Eu perguntei porque diabos as pessoas davam rosas ou coisas para pessoas que já foram embora fisicamente.Bom,naquela época eu não consegui responder,e os meus pais estavam triste demais pra falar sobre o assunto,principalmente a mamãe que perdeu uma mamãe.

A resposta ?Bom,eu consegui ter só ontem,enquanto eu vi o tumulo do meu amigo Sam,que morreu uma semana atrás.Eu dei rosas pra ele,e falei de algumas historias bonitas que nos vivemos,e eu dei um livro de poemas do Alan Poe,o poeta preferido dele.Porque a gente faz isso?Porque a gente faz isso?

Porque eu percebo que os cemitérios só servem pro vivos,os mortos não sei se eles se preocupam.Eu tive que levar a mãe do Sam,ela chorou e citou alguns poemas,e isso era algo da qual ela não estava habituada.E sim,ele foi enterrado aqui em zona leste,em São Miguel ,a terá onde os sonhos são afundados pela brutalidade do trem da noite.

Com esse texto,eu deixo o cemitério da saudade,assim como eu deixo em paz alguns amigos,familiares ou pessoas entes queridas que já se foram.Não se esqueçam meus amigos:a vida é um grande romance onde Deus vai colocar o ponto final,ou então a gente mesmo claro.Trata-se de um clichê,mas de um clichê verdadeiro,e eu acredito que do final de contas eu só escrevo verdades,por mais exagerados que é a minha escrita,personagens,ambientações,é que quem define os nossos destinos é nos mesmos saca?Oras,oras,o que eu mais vejo hoje em dia é pessoas querendo se matar,se jogar de uma ponte ou cortar os pulsos,e culpar a mãe,a ex namorada,ou então culpando o todo poderoso.Temos que  ser o capitão do nosso navio,devemos ser autores dos nossos romances,e os protagonistas de nossas vidas.Devemos abençoar todas as manhas de hoje e de amanha,devemos abençoar todas as ruas que se abram as portas para a gente andar,devemos abençoar todos os beijos que recebemos,devemos abençoar todas os dias e noites,devemos abençoar todas as nossas guerras intimas e pessoais,devemos abençoar todos os Deuses e Demônios,devemos abençoar todos os vagabundos,trabalhadores,donas de casas,palhaços que perambulam nesse mundo,tentando(a sua maneira)viver a grande e curta vida.Devemos abençoar todos os anjos que estão agora nos observando e nos amaldiçoando,devemos abençoar todas as rezas que fizemos e não fizemos,devemos abençoar todas as nossas mães,pais,professores,inimigos de guerra,concorrentes,adversários,amigos.Eu devo abençoar a vó Matilda,os seus doces preciosos,o seu sorriso doce como açúcar,o seu amor por si mesmo e pela sua família.Eu devo abençoar o Sam,o garoto de São Miguel,jovem e louco como dinamite,correndo o risco de morrer e de viver ao Maximo,lendo os seus livros de poemas e delírios cotidianos que os poetas malditos como Poe,Rimbaud,Velarie,Keruoac,e entre outros viviam em suas épocas.Devo abençoar essa historia,e o cemitério da saudade.Assim como eu devo abençoar a mim mesmo e a vida que eu ainda possuo.

Agora apenas devo abençoar mais uma vez aquela chuva mansa,rouca e tímida que se espalha sobre a manha,os choros dos deuses e dos anjos me amaldiçoando e me salvando.E como simples fato de eu terminar esse texto,eu devo abençoar o meu futuro tumulo,a minha futura rosa de partida,e  a futura terra me engolindo.