quarta-feira, 29 de novembro de 2017

O sol desértico.

O sol desértico de São Paulo
Da um curto adeus pra esse fôlego
Que o novo bebê tem

-

Nascido da terra,e do concreto
Vendo pela primeira vez o sol
Ele sorri com ingênuidade
-

Os pais riem com alegria
Os parentes ficam contemplado
E a tristeza ainda não apareceu
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Só esta eu olhando com paranóia
Vendo o olhar que todo poeta deve ter
O olhar de um recém nascido

-
Mas,a tristeza esta da porta
Esperando um dia,ou uma noite
Onde o sol não pode salvar nenhum bebê

Pois mais uma vez
Eu vejo a Madame Morte
Eu veja a Madame Morte novamente

Só que ela não esta contemplando a vó Esmeralda
Esta apenas vendo um novo cliente
Que é o bebê

E ela sorri pra mim
Junto com o bebê
Fazendo essa tarde ser um mar de delírios e de paranoias.



terça-feira, 21 de novembro de 2017

Mais uma mentira









Mais uma mentira sendo desvendada pelo meu espelho
Enquanto o relógio anunciava que era meia noite.


Você já foi embora
David Bowie já morreu
E não restava muita coisa   pra lidar com tudo.

E a mentira foi desvendada
Quando eu vi o meu corpo nu
Gordo
E triste.

Cheio de cicatrizes
Estrias
E gordura.


Quando eu me olhei do espelho
Da noite
E sozinho
Eu percebi que umas das maiores mentiras do mundo é que
Quando você tira a roupa
Você se sente livre.


Pelo contrario
Você se sente tolo
Vazio
E escravo de um sentimento idiota chamado
Paixão.





segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Meia noite e ponto.





A Bianca tira a roupa,Cezzane  fuma um cigarro,e Keroauc esta alucinando com o álcool.As putas chegaram lentamente,assim como as bebidas.A sala de estar ficou lotado.Lotado pra caramba.

Era exatamente meia noite e ponto.

Madame Satã tira a calcinha,Bukowski olha pra rola dela,Joana não esta mais aqui.O trem já partiu,o cobrador Marcos já foi embora.Joan Bez esta do quarto, tocando violão sozinha.

Era exatamente meia noite e ponto.

A cidade lá fora me olha.Sim,você sabe de quem eu estou falando.Ela me olha com os seus olhos sujos  junto com a chuva da noite.A chuva que transborda aquelas velhas verrugas ,e anuncia de algum modo um apocalipse vidrado das pequenas coisas.
Mesmo que a lua apareça sobre a janela,e reflete a cor azulada da melancolia, nada vai alterar as coisas:os caras dos Jazz morreram,e o rock errou mais uma vez.
Mas era exatamente meia noite e ponto

E eu me sinto incluído(e excluído) a toda essa gente, a todos esses caras e tudo mais.Os  velhos boxeadores dos bairros estão dormindo em pequenas camas,e os velhos soldados de antigas guerras(que ninguém lembra mais) estão por  ai entre as ruas ,perambulando sobre esse mundo maligno como loucos fantasmas.
Os castelos estão abertos,as construções utópicas estabelecidas.Eden anuncia as portas,Dante sorri para o sol.Mas mesmo assim,percebo a dimensão gritante das prisões,e o vigor constante em termos de prevalecer um mundo podre e cruel.

Percebo isso depois de meia noite.

E o que sobra do final das coisas  é apenas um copo de licor,e um cigarro amassado.Sim,Sim meu amor.Não são figuras de vícios,são apenas atores inanimados representado o estado da solidão contemporânea.
O horror de ver o mundo de tal forma,e de alguma forma aceitar o destino que é morrer sozinho e vazio...





sexta-feira, 3 de novembro de 2017

A bala

Ecoando
Bem longe
A tua vasta melodia.


Sim
Meu doce amante
Meu doce martírio.

Os teus olhos estão vermelhos
Os seus lábios estão duros
E o vinho esta vomitado do tapete.

E eu sinto o som vibrante
E seco
Entrar do meu estômago.

Algo sai dentro de mim
Como um louco vomito
Mas não era nada
Era apenas o meu sangue.


Oh...balas
Balas feita de aços
E de duras ternuras.


E ainda esta ecoando
Bem longe
A tua melodia.

Os vizinhos ouvem
As crianças levam um tremendo susto
A rua inteira acorda.

O nosso cachorro late
A lua aparece em cima da neblina
E a chuva para de lacrimejar sobre o nosso bairro.

Oh e ágoras
Que o meu sangue se mistura com vinho abarrotado
Eu me pergunto onde estão os Deuses.

Será que eles ainda nos observam
Pensando que tudo isso é um triste e formidável entretenimento?

Sim,sim,do fim somos todos viciados do pão e circo
E  sempre estaremos deitados aqui (esperando mais um tiro).

Oh...balas
Balas feita de aços
E de duras ternuras.

Oh...balas
Balas feita de aços
E de duras ternuras.


Sim,meu doce revolver
Você me beija novamente
Sobre a luz do luar.

E eu estou chorando
Chorando não por morrer
Mas por perceber que do final das contas

Eu não tenho nada a perder.