sábado, 30 de julho de 2016

Amor...



Um beijo.
Uma vista.
Um por do sol se despindo
com suas roupas de sedas
e peles de margaridas.

Ela olha pra você.
Com um olhar que tem significados.

Já as palavras  que ela diz são doces  
pu idiotas e tolas demais


O momento é rápido.
Espontâneo.
Duro e mágico.

O beijo acontece.
Frio  e triste.
Gostoso e amargo. 

Porem aparece o trem com a sua luz  amarela.

Você vê ela  partir.
Você vê ela  andando que nem uma desajeitada boba e graciosa.
E tudo  que vocês dois tiveram se vai como um Evanescence
,junto com alguns clichês e saudades.

A sua mente é iluminada pela luz do trem
E o trem parece que agora possui duas luzes :Amarela e a Azul.

Amarela é a cor do sol de manha,depois de uma noite mágica.
Um sol cansado e exposto a apatia.
O Azul é a cor do Blues.
É a cor da voz de Lead Belly
ou a de B.B King.
Ambos chorando que nem crianças.
Pensando como momentos bons podem doer
e como a tristeza é um trem sem destino.










quinta-feira, 21 de julho de 2016

Um chute do nariz encomendado por Deus.









Uma historia ocorreu ontem,enquanto eu estava vivendo o meu domingo:eu vi uma anja perdida da rua Amarildo,aquela rua aonde eu estudei da minha infância.Bom,a historia é curta e simples(eu prometo)e também é inspirado em eventos reais,então por favor leia até o fim.

Bom ontem foi Domingo,e eu estava vivendo o meu dia entediante e  monótono.Percebi que eu estava velho demais e eu sofri uma espécie de crise existencial :o que eu sou?O que faz com que eu seja um idiota?Quando eu era criança,eu era uma criança melhor?Bom,não sei porque eu senti uma nostalgia marcante:eu lembrei de todos os meus amigos da infância,lembrei dos meus desenhos favoritos,eu lembrei do meu mega drive e do meu super Nintendo,tudo mais.E senti uma saudade tremenda da minha antiga escola “Carlos Domingos” onde eu fiquei da primeira até a quarta serie.A escola era perto de minha casa,e eu decidi sair de casa (para esquecer da minha crise existencial) e ir até a antiga escola.

De lá eu vi a minha antiga escola detonada e feia,suja que nem uma privada cheia de merda,e naturalmente desgastada assim como as  condições da natureza humana atual.Alias pra quer viver?Pra que morrer?Sim,eu tive esses pensamentos patéticos enquanto eu caminhava olhando pro portão da escola.Eu relembrei de algumas garotas da qual eu peguei e outras que eu tentei pegar,eu relembro das brigas que eu tive,das surras que eu levei,e das brincadeiras que eu fiz,assim como eu relembro das inocências ,e das pequenas maldades como colocar tachinha da cadeira do professor.Quando eu pretendia sair daquela rua,eu vejo uma mulher jovem,loira com cabelos longos,bonita,vestida de branco,e pés descalços,e umas asinhas de papel daquela costas.Ela estava da minha frente,do centro da rua,me encarando com um sorriso angelical e bonito.Eu apenas disse  pra mim mesmo “Nossa que mulher é essa?”

A tal mulher ficou me encarando,e disse que sabe quem eu sou,e que eu naturalmente não precisava ficar triste.Eu lembrei da minha crise existencial,e do fato de que Mariane foi embora pra sempre,e disse que ela não me conhece.Depois disso acontece um fato inacreditável,incrível,surreal e tudo mais:a tal garota voa com aquelas asinhas de papel.Eu fiquei tipo “uuuuaaaaaaaaaaaaaaaaaaau!Você meio que voa menina!Você é uma anja!Ah sim,você veio me salvar” e eu beijei os pés da anja,que estava posando do céu,um pouco acima de mim.Ela me desprezou e deu um chute do meu nariz,o meu nariz quebrou e eu cai do chão.

A anja quebrou o meu nariz.Ela olhou pra mim e disse:
“Olha aqui seu merdinha!Chega nessa veadagem!Chega!Eu sei que você esta sofrendo uma crise existencial ou coisa do tipo.Mas esta da hora de você se levantar.Ela se foi e daí?Grande coisa,enquanto estou falando com um depressivo de merda como você,do mundo a fora tem merdas gingastescas acontecendo,mas claro a gente do céu meio que percebe que a sua geração é geração refresco do cu.Serio Marcos,serio mesmo...pare com essa merda,e vai viver porra!Para com isso!Eu meio que tive que quebrar o seu nariz pra você perceber que você é um maldito mortal e tem que aprender a gozar da vida.Bom,é só isso,estou indo embora...ah é mais,o lance do chute foi ideia do senhor todo poderoso.Até mais”

Bom,ai a menininha saiu do céu voando,e nem me deu um papel  para eu limpar o meu nariz.Hospital?Até pensei,mas sinceramente eu me senti meio envergonhado:eu acabei de apanhar de uma anja.Como vou dizer isso pro meus futuros filhos?Mas claro,ela é necessária,e o chute foi mais necessário ainda.

De vez em quando tem que acontecer isso.As vezes é o chute encomendado pelo Todo Poderoso,as vezes é o efeito do doce encomendado e pago pelo Lucifer,as vezes é uma mulher querendo cortar as suas bolas ou então a merda que o mundo esta hoje em dia.


Depois eu disso eu respondi os meus e-mails,limpei o meu nariz.Liguei pra alguém especial,tentei marcar pra gente ir num cinema.”Quarta feira pode ser?Sim,sim...o preço é baixo,você paga os ingressos e eu pago a pipoca”,ela concordou e nem perguntei que filme era.Bom,eu naturalmente queria um filme que acabasse o mais rápido possível,pois hoje acho que eu tive uma reflexão bipolar sem nexo depois do chute da anja:Eu envelheci ou fiquei mais novo?Bom...quem se importa mesmo!Acho que eu devo simplesmente mandar tudo se foder,e viver a vida,deixar a vida me levar e tudo mais....

O resto é resto





Da ferroviária,o trem passa e eu pulo dele.O que eu levo é apenas o meu  velho violão Thomas  da qual esta escrito”essa arma mata fascista”.O trem é velho e parte saindo de S.P e indo pra Minas Gerais.Porque eu sai daqui em S.P?Bom,porque acredito que eu culpei a minha querida cidade por tempo demais.Quando algum projeto artístico fracassava ou  o meu novo livro ninguém Lê,eu sempre culpei essa cidade e as pessoas daqui.Eu tive que levar um bom tempo pra perceber que o único culpado é eu,e não a minha cidade.Esse seria o motivo?Não,exatamente não,mas é a bala que é soprado pelo revolver que define o tiro.Eu sai de S.P pois eu envelheci e fiquei um bom tempo daqui.Como eu disse antes  eu amadureci e envelheci,agora estou em torno de 60 anos e eu pretendi ir pra Minas pra ver o que restou  dos meus ancestrais e  pensando se eu posso ficar em um lugar mas calmo,onde eu posso ser mais decente. Claro que eu quero voltar a SP,mas preferi viajar e ver lugares mais diferentes.
Adélia morreu,David Bowie idem,outros heróis do mundo da musica e da poesia também.Ouvi dizer que Marcos se tornou um andarilho,cansou de ser poeta,virou uma espécie de Rimbaud pós- adolescência.Eu  agora só tenho o meu violão velho,e uma manha enferrujada e graciosa.Enferrujada sim pois eu estou velho e solitário,eu sinto saudade de certas coisas e tudo mais.Porem eu quero viver,mesmo que resta um pouco de minha vida.

A estrada vai e sempre vai em frente.Eu com certo receio olho pra trás e vejo os trilhos se moverem através das lagrimas das chuvas.Movendo como uma serpente graciosa,oferecendo pra mim uma velha maça negra,com lábios de sangue mordidos e vermes vomitando sobre o sulco mordido pela fruta.Assim como do campo corre os tigres selvagens,os leões marinhos veados,as luas cheias de verdades e mentiras,e os homens e mulheres nus correndo pelo rio de lama.Eles uivam junto com o lobo de meia noite,junto com os romancistas e com os loucos mendigos da Avenida Flamingo,enquanto ainda vemos que ainda não anoiteceu,ainda é dia e daqui a 5 minutos veremos o por do sol.

E eu,eu sou o mesmo,mas ao mesmo tempo não sou o mesmo de antes.As vezes eu acho que eu morri algumas vezes e renasci como um bebe retardado esperando por alguma salvação.Os motivos sempre foi alguma espécie de Rock-Baby-Luz-Cinema-Vida-Morte e peregrinação continua de minha inquietação e melancolia. Eu nasci e morri varias vezes,parece que eu não sou o mesmo cara que eu era 10 horas atrás.Antes eu poderia escrever uma canção triste ou coisa do tipo,e agora eu rio da vida e a glorifico como se ela fosse algo maravilhoso.E eu de fato acredito que ela é,e sempre vai ser.Claro,vai doer viver,vai doer morrer,mas vai valer a pena.

Enquanto isso eu dedinho alguns acordes vendo o por do sol.Ele sangra como o meu corpo e espelha a sua vulnerabilidade e grandiosidade como um monstro gigantesco belíssimo e sagaz.E o resto  é apenas o resto,é apenas o resto da estrada e do destino.

domingo, 17 de julho de 2016

O gosto de chocolate e de cereja amarga




Eu não posso subir até o topo da montanha
e nem chorar sobre os cobertores de minha cama
Possivelmente nem namorar o tiro certeiro do meu revolver
ou da melodia vulgar e tola do meu pulmão cuspindo fora de minha boca


O amor veio aqui,veio sempre aqui
com um braço partido ao meio,e as assas rasgadas com a luz do luar vermelho


Eu não posso beijar os teus lábios
e nem se empolgar com as tuas emoções
Pois você sempre pode me ferir ou me machucar
Naturalmente você volta do lugar que você veio e nasceu:
sombras inquilinas,navios negreiros,crianças inocentes e incoerentes


E um gosto de morte e vida
E um gosto sombrio de todos os meus desencontros 
E um gosto estranho de chocolate e cereja amarga


Hoje...eu tentei me matar,tentei acabar com a minha vida
Mas não sei porque eu queria comer chocolate e um pouco de cereja
e eu queria terminar o jantar com decência e sem indecência

Deus sabe
Deus sabe que o mundo de hoje esta indecente demais.




sábado, 16 de julho de 2016

Eu morri como Hamlet e renasci como Ofélia








Do desejo homicida traz a dor
E a gloria
De ver o sangue escorrer
E o inimigo temer


Da cena final possui a conclusão
Os longos planos metódicos e violentos
Os longos planos de um guerreiro  aramado

Do meu cemitério trouxe rosas
Algumas lamentações mas nada demais
Pois eu do final de contas eu fui um ótimo lutador e guerreiro
Um homem que lutou contra a maré da vida e morreu sorrindo

Quando eu renasci,eu vi a cor dos meus seios
Eu vi o rio escorrer  lágrimas como se o rio tivesse olhos tristes
Adormeci com a lua junto com as noites solitárias

Vi alguém próximo morrer
Vi alguma guerra inútil acontecer
Vi as tripas fedorentas dos cachorros sendo vomitadas
Vi a gordura imensa de minha alma andaluz e errante
E vi a estrada continua de não lutar e não viver

Não restou muita coisa alias
A não ser o desprezo e auto mutilação

O que eu defini foi apenas nadar pelo rio
Nadar pelo rio

Me escorrer entre as lágrimas dos anjos noturnos
E me lambuzar dos meus falidos ossos remunerados


E os olhos a loucura
A tristeza,o homicídio,e finalmente... o suicídio

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Amor é que nem Deus:só alguns sentem






Com o passar do dia,eu apenas vivo dia a dia a fim de terminar as minhas tarefas despretensiosas e banais.Com o fim da noite só resta um cigarro,um livro qualquer de filosofia, e um pouco de rock.Aqui em casa eu penso do mundo,da vida e naturalmente da morte.

Eu  fui pro bar do fim da noite,em torno de dez da noite.É um dia de quarta feira ,e  o bar estava vazio.Eu comprei um refrigerante e vi o Senhor Manuel passar do bar e beber a sua querida cerveja.Ele veio até mim e sentou da mesma mesa,ele sabe que somos amigos,e naturalmente companheiros de bebida.Senhor Manuel possui 70 anos,é aposentado,velho e solitário,possui um rosto envelhecido e sábio,e olhos azuis,segundo o que ele falava,ele era um cavalheiro de primeira linha,e naturalmente um aristocrata educado e erudito.Os pais eram ricos,porem sofreram uma crise financeira do florescer da Adolescência,e o senhor Manuel tive que se virar e conseguiu um trabalho em uma farmácia do nosso bairro da qual trabalhou lá por boa parte de sua vida,ele era amigo intimo com o dono,porem quando o dono morreu e foi herdado pela filha.A primeira coisa que a garota fez foi demitir o velho Senhor Manuel,isso foi 7 anos atrás,e ele sempre conta essa historia,acredito que o deixou profundamente amargurado.Porem hoje ele mudou um pouco do tom,e se tornou em um senhor um pouco mais reflexivo e comovente.

Ele do começo da conversa bebeu tranquilamente a sua cerveja e falou com uma típica indagação que SP não pode ser considerada uma cidade da chuva.Já faz um bom tempo que não chove,e única coisa que permanece é o maldito calor.Depois de comentar sobre o clima da cidade,ele olhou de maneira profunda e silenciosa a rua Flamingo e viu passar algumas garotas doces com saias curtas e camisas apertadas,e eu naturalmente fiquei olhando pra garotas:elas com suas coxas brancas e nítidas,os seios grandes que parece que vai explodir,e os traseiros grande o suficiente para prender a atenção dos homens.Ele olhou pra mim e sabia que eu senti alguma espécie de atração,e disse que as garotas de hoje parecem putas.
“Desculpe o linguajar.Desculpe mesmo.Eu não costumo chamar as pessoas de putas.Mas acho que a minha afirmação não é perto da atual realidade.Ou elas são putas,ou elas se vestem como putas”

Eu apenas o confortei,dizendo que ele esta num bar,  e que poderia falar palavrão a vontade.

“Puta,caralho,porra,puta que me pariu,veado,chupa rola,vai tomar do cu.Viu senhor Manuel?Não é crime falar palavrão.”

Ele riu da minha cara e pediu outra cerveja e ficou um pouco mais sentimental.Ele falou das garotas,e como elas eram bonitas e vulgares,e falava que da época dele.

“Da minha época.Acredite...SP  era uma cidade melhor.Quando eu era jovem,as putas também eram sabe?Sim,sim pode rir.Bom pelo menos quando eu era jovem e  antes de meu pai perder todo dinheiro por causa de uma crise interna que a empresa dele sofreu.Os bordeis  perto do nosso bairro   Anael eram bordeis de primeira linha.Eu que agora estou com meus últimos momentos de vida já que estou velho pra cacete,posso lhe falar com sossego,e acredito que também não é crime você ir num bordel,desde que claro não tenha nenhuma criança do negocio,ai é crime.Mas então...daquela época,as putas eram mais decentes.Juro por deus,ela lia poemas do Dante,e tudo mais,e eram mulheres eruditas e educadas.Hoje em dia pra ser uma puta,você só precisa chupar varias rolas,dar o cu legal e ter um rabão,que nem essas jovens garotas que acabou de passar sobre o bar.E o amor...oh sim,o amor....”

Ele prolongou a ultima frase,o “amor”,prolongou tanto que parece que a língua ia se tornar uma estrada rodoviária.Ele ficou pausado,com um olhar de confusão.Depois de um minuto,o seus olham ficam melancólicos e vazios.

“Oh deus.Oh deus.Como eu posso dizer?Eu tentei cara.Tentei mesmo.Tentei amar,mas não consegui.E acredite:eu já transei com varias mulheres,as mais lindas do mundo.Mas não consegui amar.Nunca.Nunca.Nem mesmo quando meu pai morreu,eu senti uma tristeza estranha difícil de definir,mas eu aceitei,mas o amor...sempre foi estranho pra mim.Sempre.Sempre.EU nunca amei...”

Ele diz isso,e isso parte o meu coração.Ele quase chora,e me despede dizendo que esta tarde demais e vai embora,ficando do seu apartamento escuro e solitário.Não sei porque,o amor não esta pra todos,ou então alguns não conseguem sentir o amor.Foi um dia reflexivo,duro e um pouco senil. Lembrei dos meus amigos e namoradas.Lembrei de todas as fotos de amor tiradas,e todas rasgadas.Lembrei de todos os momentos,e que um dia,o mundo,o sol,as estrelas,e os planetas serão reduzidos ao sol.Não sei porque eu lembrei do que uma poetisa falou :Amor é que nem Deus.Alguns sentem a presença deles,e outros não.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Um gole de reflexão e de Jack Kerouac





Nunca consegui escrever o nome nesse cara sem olhar pras pesquisas da internet ou coisa do tipo.O que eu sei...bom,ele escreveu alguns livros que se transformaram bíblias para o pessoal da subcultura.Não que eu ligue se um livro se torna uma nova bíblia,como o famoso livro dele “On te Road”,não...o que eu ligo é a escrita em si,e nada mais ,nada menos.

Acredito que o primeiro livro que eu li seu Sr Kerouac foi o “Vagabundos Iluminados” que pra mim é o que mais me comove.Não por causa de certas predicações que você teve com o budismo,não...mas por causa da melancolia e alegria que a obra mistura,e naturalmente a sua simplicidade e  honestidade como escritor.Acredito que você era um escritor tão honesto que superava a sua possível desonestidade como ser humano.Sim...todos nos somos falhos,todos nos temos um pouco de  falácia,malicia,inveja,e falsidade.Depois dos “Vagabundos Iluminados” eu li o resto de sua obra,e considero elas competentes e bem escritas.De fato...um grande escritor.

Kerouac,aqui do ensino Médio,a vida é chata demais,e a literatura ....nem se fala.Todos os dias temos que lidar com professores mesquinhos e abismados,que estão mais querendo colocar uma masturbação intelectual do que um ato de ler em si.Não sei...não sei...parece que as coisas boas e literárias da vida eu aprendi mais das ruas,em casas de estranhos,do que das escolas.Quando eu descobri a sua literatura,aquilo me salvou do tédio. E hoje,me salvou de uma noite sem sentido e vazia...

Eu vejo o seu tumulo das fotos do jornal,acho que já faz um bom tempo em que você morreu.Um bom tempo...e o mundo mudou bastante.O homem foi a lua,a tecnologia avançou,o capitalismo ganhou do comunismo,e   temos vários bens matérias que não tínhamos antes,e agora estamos com uma grande crise econômica,resumindo:mundo louco.Porem,o ser humano parece que tem  dentro de sua essência  a solidão,sempre a dura e tremida solidão.Você pode ser jovem,e a solidão te abraça,você pode ser velho,e a solidão é a sua melhor amiga.Não tenho medo dela...só tenho medo  o que ela pode fazer com a minha vida.Não sei porque estou comentando isso com você.Não sei...porque você se tornou o ícone da juventude,e depois morreu dentro da casa dos seus pais,completamente sozinho,paranoico e alcoólatra .Ninguém disse que você era um homem correto,pelo contrario ,você sempre pareceu ser uma figura tipicamente errante.Não sei porque eu me identifico com a sua escrita e com a sua alma vivida e errante.Admito que eu tenho um pouco de medo de morrer sozinho,ou morrer paranoico demais,como se tudo fosse tarde demais.Mas eu acredito que é por isso que nasce o movimento  Beatnik certo?O estado emergente da alma,da poesia e do corpo.Você tem que viver,não importa como,tem que viver,alias:todos nos temos que viver.Isso não é uma opinião e nem sequer uma suposição,mas um direito que com o passar dos tempos se torna um dever.Sem duvida,acredito que devo um pouco a  você...sim..a você.Enterrado nesse túmulo,lido por esse artigo velho e naturalmente celebrado pelo mundo inteiro.

E eu?Bom,eu sou apenas um fã como qualquer outro.E naturalmente um ser humano.Eu tenho o direito e o dever de viver.Sempre tenho.

O que eu vou fazer agora é ligar pra Denise,vou dizer  o seguinte pra ela:
 “Denise,eu te amo e eu sempre vou te amar.Do final de contas não importa se não existe paraíso,ou inferno,não importa se eu vou morrer hoje ou amanha.O que importa Denise é que a vida é boa,a vida sempre é boa.E eu quero viver  com você,quero amar você,quero aprender a me amar,e aprender a amar a vida.Vamos sair de casa agora Baby,vamos andar por ai,e vamos simplesmente viver a vida.”

Nua .





Hoje choveu,choveu tanto,tanto...que me fez ficar triste que nem um tolo.Assim como eu comecei a  me entristecer,chega uma noticia de ultima hora que define que hoje é um dia de lamentação e não de glorificação:A louca Margarida,antiga garota puta da rua Azevedo,foi morta hoje a tarde.Eu...nem pretendi ligar a TV ,não pretendi...sabe como é...o mundo esta cheio de pessoas mas com boas intenções.

Margarida,uma vez...eu te vi da rua Azevedo,perto de minha casa.Nesse dia,não choveu,e nem pouco teve um temporal tão introvertido quanto este temporal de agora.Nesse dia que eu te vi,você estava fumando o seu cigarro,e naturalmente estava conversando com um homem mais velho e experiente da vida que você.Você mostrava o seu sorriso de boquete,e anunciava pra ele que  você pode fazer tudo que ele quiser.Ele perguntou”Quantos anos você tem menina?” e você respondeu”Eu tenho o tantos anos que você quiser querido”. De maneira natural,o velho pervertido sorriu,e você olhou pra mim,sabendo que eu sou mais uns dos  losers que anda pelas ruas de Azevedo,não atrás de diversão,mas de redenção da escrita,já que eu sou escritor.

Teve uma vez que você me parou novamente,da rua Azevedo.Eu estava indo pra lanchonete comer,e você me seguiu até a  lanchonete.Quando eu te vi,você disse “Ei moço.Quer se divertir?Eu posso ser tudo que você quiser.” Com um sorriso naturalmente maliciosa e de naturezas provocadoras e sexuais,algo que era novo pra você.Eu disse “Não,vai embora garota.Saia nessa vida”,e você me xingou de filho da puta e tudo mais,e saiu da lanchonete.Eu perguntei pro balconista quem era essa garota,ele com um olhar triste disse “É a Margarida.Nova puta que anda pela rua Azevedo.Ela tem 12 anos”.12 anos...e nesses 12 anos ninguém sabe como você foi para aqui em SP,a cidade do nada,e do tudo,a cidade do lixo e do luxo.

Seguindo os jornais ,você morreu de overdose.Sim...esse era a natureza de seu jogo:vicio de heroína,que fez o cafetão Steve te espancar até a morte.Ninguém fala sobre isso,porque isso  é triste demais,ou então insignificante demais...não sei,não sei.

A chuva aparece aqui,nos da redenções e maldições.Enxuga as nossas lagrimas e nossas tolices,e nos oferece para que a gente minta sobre tudo.Aqui em SP,inocência se perde fácil demais,fácil demais Margarida.Você...andava pelas ruas,com um shortis  pequeno,e com um cabelo loiro de anjo,e rebolava que nem uma atriz pornô.Dizia coisas como “Eu posso te chupar,posso te trepar” e coisas do tipo.Aqui em SP,inocência se perde fácil demais.Fácil demais...

Não sei porque,fiquei vontade de falar sobre isso  pra vocês.Não sei porque,acho que a chuva fez com que eu ficasse em casa,e essa noticia me fez eu querer ficar mais tempo em casa.Naturalmente acredito que daqui a algum tempo alguém me ligara,alguém me chamara.Talvez seja eu mesmo que terei que ligar pra mim,ou então a minha mãe,ou o meu pai,ou a minha namorada,ou a minha tia,ou a minha garota dos sonhos  a Scarlett Johansson
 ou então a Margarida,dizendo que ela morreu.Nunca se sabe...as vezes a vida tem esses momentos...e eu nem pretendo ligar a TV.