Somos apenas tristes crianças.

A chuva corroí os ossos dos teus lábios

Frios e floridos.

Batendo os olhos para a doce lua cheia

Que morre de solidão.

E eu sei muito bem a cor dos teus olhos

E a vibração do seu corpo.

E entendo que do final de contas somos apenas tristes crianças

Que tenta buscar um destino desafinado

Dentro nessas linhas tortas.

Por um instante...

Eu pensei

por um instante

que tudo esta morto.

Que tudo esta seguindo

a tua falida e doce melodia uivante.

Sim

eu pensei

que tudo esta dentro da tua imagem.

A tua

louca

E triste imagem

minha doce criança.

Mas agora

tu vais em direção leste

seguindo as correntezas dos mares loucos.

tentando talvez

Não chorar

Sobre o vazio dos corações dos homens.

E

Eu ainda estou aqui.

Esperando o momento certo

de você me domar

E me matar.

Lágrima

Choveu timidamente

uma lágrima hoje

Ela caiu

suavemente

dentro do meu quarto escuro.

E eu apenas vi

ela se desmanchar com as minhas folhas

rasgadas e partidas

Tentando impedir

a bala

dos amantes

proibidos

e secretos

Choveu timidamente

Uma lágrima hoje

E ela caiu

suavemente

dentro do meu quarto

E eu percebi

que a tal lagrima

era minha

E de ninguém mais. 

Poesia eras o teu nome de batismo

Poesia eras o  teu nome de batismo

Meu doce anjo....

Mas agora tu vais longe daqui

Longe nessa terra cheia de perfumes desolados

Agora

Tu vai esperar meia noite chegar

Para abraçar o corpo do doce lobisomem

Que te espera com louvor.

Agora

Tu vai esperar o seu amigo Pedro chegar

Para lhe oferecer um pouco de drogas

Que faz você se esquecer nesse mundo.

Só que

A janela

Esta aberta.

Fazendo

 Os seus sonhos

Se flutuarem

               Seguindo os compassos melancólicos da chuva cinza.

Dançando

                                Tristemente 

                                                             Com o ponteiro do relógio do senhor Sebastião.

E alertando

                               Inutilmente

                                                      Que já passou o tempo de ter alegria.

Pois o mundo esta cheio de tristezas fatais e delirantes

E o Deus da tristeza esta nos saudando,nos abençoando.

Dizendo

“A tristeza é Universal.

A tristeza é Universal!”

E sim

Você era a minha poesia

Você era a minha poesia.

Mas agora você  é apenas a minha desafinada rima

Que tenta compartilhar todas as deslocadas linhas

Que tenta usufruir todas as lagrimas patéticas minhas...

Que tenta usufruir toda a maldição da minha pequena alma andarilha....

Sim,você eras a minha poesia

Mas agora você não é nada

A não ser uma ponta de um cigarro apagado e morto. 

Como doi...

Deus!
Deus!
Deus!
Me de piedade!
Me de salvação!


Oh
pois eu sinto uma dor
difícil de medir.

Uma dor de sentir
que alguém já se foi
sem se despedir

Uma dor trágica e banal
que mostra os cantos tortos da minha bussola
e da minha alma errante.


Ela não existe
Ela não existe mais.
Ela esta escondida
entre os amarios do meus sonhos.


Ela esta escondida
entre os tuneis selvagens da cidade

Ela esta escondida
tentando cantar aquela velha canção de David Bowie.


Sugando
docemente
todos os meus ânimos
e anseios.

Declarando
inutilmente
que eu estou partido
e sozinho.


E deus...
como doí...

como doí...

como doí saber que não existe certas coisas que podem alar a
alma de um ser errante
e estupido.

Deixe o blues entrar.

Dê o osso para o cachorro
pois eu quero que ele cala a porra da boca
pois eu quero ver o blues entrar


Deixe o suicida nadar
naquele lindo e triste lago dos cisnes
pois eu quero ver o blues entrar.


Veja o avião torto e maldito
percorrendo entre os céus psicodélicos  e loucos de SP
pois eu quero sentir o blues entrar.


Oh e mate todos os santos e os demônios
pois agora  a tristeza é a nossa  unica amiga
pois agora...o blues vai entrar.


O blues vai entrar.
O blues vai entrar.

Dos pulsos firmes dos boxeadores
dos beijos fúnebres e vulgares das doces putas


O blues vai entrar
O blues vai entrar


Entre as coxas de suas pernas grosas e suculentas
Entre as pontas quebradas e melódicas do teu cigarro cinza


Deixa o blues entrar
Deixa o blues entrar.


Inaugurando todas as igrejas secretas da dor
O banheiro,a varanda,o quarto amarrotado
as ruas cinzentas,as mulheres enverrugadas
as paisagens tortas dos teus sonhos,as paisagens surreais e teus olhos
o sangue destemido do suicida
e o tédio tenebrante de todos as raças humanas.


Deixa o blues entrar
e veja se você consegue sobreviver.