quinta-feira, 30 de junho de 2016
Sr Leonard da rua da saudade.
Sr Leonard esta da rua da saudade.Fumando o seu cachimbo e esperando uma mulher chegar até ele.Possivelmente Martha,possivelmente a Suzzane,possivelmente a Mariane,ou a doce e durona Joana D ´Arck.Ele vê Isaac matar o seu pai,e Jesus se trancar do outro lado da rua da saudade,possivelmente isolado para não ver o quanto o mundo esta fodido.Sim,e Sr Leonard é apenas um pedaço de carne e um pedaço de alma inquietante.
Possivelmente o vi da rua da saudade,sorrindo como um velho malandro,ou possivelmente um velho mago amargurado e angelical.E os céus ecoam,a trombeta dos Deuses berram:e Zeus chora por ver seu filho Hércules morrer aqui da terra,e não do Paraíso,sim Hércules se apaixona por Celine e morre de amor.Assim como o velho bobo da corte,que toca alguns acordes do seu violão enquanto pensa da Mona Lisa,ou então do senhor Carlos do apartamento 23,que foi assassinato pela sua amante.E o Sr Leonard Cohen ...bom ele apenas espera a suas mulheres dentro da rua da saudade.Observando a rua como um velho coruja.
Os anjos fazem você esquecer o seu nome por um instante Sr Leonard.Sim,eles fazem,ou então as mulheres fazem com que você esqueça o seu nome enquanto você as beijam.Sim,o Sr Leonard Cohen continua esperando da rua da saudade.Ele viu por um instante a Janis Joplin em seu cadilac preto,e depois esquece nisso.`Pois a lua ja chega,ilumina o rosto do velho Cohen,e ninguem chegou da rua da saudade.
O que restou pra mim,simples narrador do caso,foi apenas a solidão,ou então mais um dia mágico e triste.Sim,as vezes a magia se mistura com o absurdo,ou a magia se mistura com o amor,ou falta de amor.O sino bate,uma sombra se escorre sobre as asas do Sr Cohen,ele sorri novamente:três cantoras de apoio aparece segurando o braço dele,e ele continua, pois ele vai fazer um show e vai sair da rua da saudade.Porque?Oras,ele não tem tempo pra isso,assim como eu também não,temos novas historias pra contar,e pra cantar.
quarta-feira, 29 de junho de 2016
Te Ver é um abismo pretensioso sem fim
Eu vi você hoje,perto da casa de meus avôs.Acho que hoje foi um dia de festa e tudo mais,coisa da qual eu não sou muito fã.O pessoal ficou lá,feliz,de boa e tudo mais.Eu estava fumando um cigarro do lado de fora de casa,do quintal,onde eu podia ver toda a rua Flamingo e ver aqueles moleques ouvindo funk e fumando crack.Sim,esses são os jovens,esse são os atuais donos do mundo.E eu?Oras,eu sou apenas uma puta do mundo.Lá...fumando e esquecendo que amanha eu terei que voltar da rotina de sempre,vejo de repente você...sim,você passando pela rua e atravessando a esquina da rua Flamingo,possivelmente pegando o ônibus da qual te leva em São Miguel,o lugar da qual a gente se conheceu e naturalmente a gente terminou.
Eu comentei isso pro Bruno(meu amigo),ele disse"Esquece ela cara.Vai dar tudo certo pra você". Racionalmente eu concordei,já a minha alma...
Eu corri pro ponto de ônibus,eu lembro disso...corri como aquele moleque infeliz que andava entre as ruas de São Miguel e que sonhava em ser um rock star.Corri,corri,corri sem parar,o meu coração batia forte,e a vida parecia que tinha sentido.Será que eu estava apaixonado?Eu concordei por hora,apesar de a gente não se vê já faz um bom tempo.Eu lembro de mim mesmo,de eu ter falado pro mundo inteiro de que os apaixonado são os idiotas,bom...eu me senti um grande idiota naquele momento.Mas o meu coração bateu forte,e a vida parecia que fazia todo o sentido.É engraçado sabe?Pois parece que só quando você faz coisas idiotas ou quando você se sente um idiota livre,parece que Deus de fato existe,e que a vida faz todo o sentido.Difícil de explicar.
O meu coração apenas parou de bater quando eu cheguei do ponto de ônibus.Você foi embora.Depois...eu tentei esquecer de tudo.Tentei esquecer de você,tentei esquecer nesse dia,e obviamente,vou tentar esquecer o fato de que eu escrevi um texto meloso e idiota pra você.Acho que eu devo voltar (novamente)pra ruas,lá tudo é duro e frio:e é assim que a vida tem que ser.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Os anjos negros da avenida central
Ele senta em sua cadeira velha
Sim...o velho e triste poeta,o homem rico e ao mesmo tempo o homem pobre
Ele senta em sua cadeira velha
E admira com certa raiva e louvor os abismos que a cidade sugou...
Os anjos negros da avenida Central
Com seus olhos cinzas olhando para as estrelas falecidas
Os anjos negros da Avenida Central
Com suas asas partidas e solitárias
Ele,com o seu cachimbo poético,define o dia e a noite
Sim...ele sabe muito bem que ele vai comer o pão que o diabo amassou
Ele chora como uma criança desesperada
E lembra que o seu antigo pai era um ator de quinta categoria,e a sua mãe...morreu há um bom tempo
Sim,e admira os Anjos negros da avenida central
Com os seus olhos negros,e lágrimas azuis
Ele clama pelos anjos da avenida central
Eles,que estão voando pelo céu rasgado,e prestigiando as favelas queimadas do subúrbio da cidade.
"Venha Morte,e quem sabe velha o amor"Suplica ele com loucura
Mesmo que ele saiba
que a próxima edição
é dele
e que ele
já é um fracassado por natureza
e um vencedor ao longo tempo.
A chuva escorre dos olhos de Deus
e faz o velho poeta querer sair da rua
e dançar com os anjos negros da avenida central.
Sim,ele dança com todos os anjos negros
Com todos os pesadelos
e fins.
domingo, 19 de junho de 2016
Virginia Wolf e o seu ultimo almoço comigo
Eu já me tornei em um
homem velho,e naturalmente já acrescentei certos temperos a minha
pessoa:amargo,cínico,um pouco feliz ,e um pouco melancólico.A escrita...oh
deus,a escrita,ela sempre foi essencial,ela sempre foi elementar.Não sei se é
algo que pode mudar o mundo,mas ela é importante,e todos sabem disso.As vezes
ela é cruel,crua e nua,as vezes a gente como leitores simplesmente vemos um
poeta se incinerando a si mesmo,afogando em sua própria dor,alegria e
redenção.Somos testemunhas,somos vitimas,e somos crianças tolas e
inocentes.Pois choramos ao anoitecer do dia,e necessitamos de acolhimento,e um
pouco de amor.
Virginia,Virginia.Você com o seu pouco tempo de vida
envelheceu bem,envelheceu como uma criança sorridente,e talvez nos deu um
truque tão estranho,da qual a gente meio que não entendeu.Porque você se jogou
do rio?Porque achou necessário?Bom,o que eu sei é que não foi a tristeza,não
sei...parece que foi uma espécie de “jogada “poética,ou então um truque de
mágico onde o fim é trágico,porem ele
afirma com uma voz firme e doce”Não queridos,isso não é trágico,é belo”.
Como eu disse antes,estou velho demais pra falar sobre ela.A
minha vida foi muitas coisas,foi varias reviravoltas,varias aventuras,vários
inimigos,vários amores...varias decisões políticas,vários artigos críticos,oras
criticando palhaços,oras questionando os fundamentos do gênios,e oras expondo a
minha paixão pela literatura e escrita.
Mas com essas que possivelmente pode ser umas das ultimas
escritas,eu quero deixar um retrato minucioso de Virginia Wolf,e se possível meu
filho,eu quero mostrar pra você e pra mim,que Virginia Wolf era de fato uma
criatura admirável,e sim...era uma grande escritora.
Eu comecei a minha carreira como critico cultural criticando
algumas das personagens femininas de Virginia Wolf.Eu achava Elas,as mulheres de
Virginia,muitos frágeis,ou sentimentais.Eu fiz um artigo só falando nisso ,das
personagens “Fragilizadas” da senhorita Wolf.Depois de uma semana após a
critica,eu recebo uma carta,e sim,uma cara nela mesma,a autora dos livros da
qual eu sempre critiquei.Ela disse que a minha linguagem era exemplar e belo,e
queria conversar comigo.
“Senhor Rolfe,apesar das consideradas criticas que o senhor
fez em relação ao meu livro,eu queria te convidar a ir da minha casa.Não sei se
o senhor sabe,mas eu gosto muito dos seus artigos,desde a sua analise da obras
de Dostoiévski e as suas analises sobre a literatura clássica e geral.Eu
considero a sua critica a respeito dos meus livros fora de minha opinião,porem
eu aprecio bastante a sua forma de escrever,e o modo preliminar e eficaz de
criticar as minhas personagens,falando mal ou bem dos meus livros,eu apreciei
pelo simples fato de que o Sr esta falando de mim.Como eu disse antes,venha até
a minha casa,estarei eu e o meu marido
te esperando ,até,abraços”.
Eu li aquilo e fiquei surpreso.Pensei o porque Virginia
queria falar comigo,eu que era (da época) uns dos críticos que mais criticava
duramente a sua maneira de escrever e tudo mais.Eu da época,era jovem e
arrogante,achava que isso seria uma forma de Virginia me convencer a eu gostar dos livros nela.Eu imaginava ela
tentando me abordar dizendo o quanto eu
sou bom,so para eu gostar um pouquinho do livro nela.Sim...eu pensava assim da
época,os jovens sempre são idiotas,e sempre serão.
Quando eu fui da casa nela,o marido simpático nela me
acolheu,e ele chamou ela,ela desceu a escada,e me cumprimentou. Eu fiquei
fascinado,porem escondi isso,tentei manter a minha considerada simpatia e
honestidade intelectual.A gente tomou um café,enquanto marido nela foi fazer
uns trabalhos la fora.Virginia...como disse de como ela era?Bom,tem todo aquele
rosto que tecnicamente não é um rosto
bonito,mas um rosto rico,aquele rosto duro,pálido,com um nariz icônico,e olhos
azuis sensíveis,e eu com o passar do tempo,percebi que aqueles olhos azuis
tinha muitas historias e maravilhas.
Quando tomamos café,ela ficou olhando pra mim,com os seus
olhos fixos e claros.
-Sinto um renunciável prazer de a senhorita ter me convidado
-Eu que sinto Sr Rolfe,espero que esse café não tome o meu
tempo.
-Não que isso...
-Sei que o senhor sempre escreve novos artigos do seu
jornal.
-Sim,mas...eu estou falando com a Virginia Wolf,a
considerada maior escritora do mundo.
-Eu sou considerada a
melhor escritora do mundo.Eu me considero boa,mas sinceramente nem
tanto,e acredito que o Sr tbm acha isso não?
Ela deu uma risada fraca e aguda.
-Senhor Rolfe,não fique tão serio.Estou brincando,não vim
aqui para te matar ou coisa do tipo...eu estava até pensando sabe?
-Você não é a primeira a querer isso
A gente deu uma curta risada e bebemos café.
-Porque estou aqui?
-Porque você quer estar aqui certo?
-Verdade....
-Verdade.Relaxe Sr Rolfe,relaxe...eu sou sua fã sabia?
-Você falou isso das cartas...porque gosta da minha escrita?Se
fui eu que o critiquei?
-Honestidade.E honestidade é algo valioso hoje em
dia,principalmente da era pos guerra.Eu vi algumas coisas,vi tantas coisas,o
suficiente para contar historias,indepedemente ruins ou boas. E tecnicamente o
holocausto,ou a descoberta do holocausto é algo horrível e sinceramente a gente
pensa que o mundo de fato vai acabar,e o profundo talento da animália humana
você tende a acreditar das honestidades,ou das palavras honestas,pois o
mundo parece sombrio demais,e estamos
meio que do mundo das sombras,onde não sabemos o que é certo ou errado.
-Nesse meio que vive as suas personagens?
-Hum...não sei Sr Rolfe .Acho que elas vivem do que a gente
chama de vida.A profunda deliciarão do sonho e realidade,a sociedade que
criamos,os espelhos que nos ilumina,a vida...
Depois,simplesmente falamos de coisas banais e
divertidas.Ela fala da vida com o seu marido,e a sua rotina calma de produção
literária, eu contando a minha vida nova da Europa e tudo mais.Ela simplesmente
era graciosa e cheia de vida,apesar de
que alguns momentos,principalmente quando ela filosofa sobre certas
condições humanas,ela se transborda do seu PE do mar da melancolia.
Eu e ela,junto com o seu marido,grande homem que sempre
apoiu ela,nos tornamos amigos.Por incrível que pareça foi algo natural,apesar
de que eu sempre critiquei as personagens de Virgina Wolf.Com o tempo eu
mudava,eu pensava que elas mostravam as suas fragilidades,e possivelmente se
fortalecia com o tempo.Não sei...eu
daquela época continuava a criticar a escrita nela,coisas simples como a
formação nela dos parágrafos,ou a filosofia literária.Para nos (acredite) era
um esporte,e tudo mais.Quando me mudei
dentro do bairro nela,a gente se via de vez em quando do mercado e tudo mais.”Oh Sr Rolfe,o senhor
e as suas criticas acidas,não acha que tem que mudar um pouco a sua linguagem?”
e eu digo”So se você mudar querida”,coisa nesse tipo,brincadeiras sarcásticas.
Um dia,o ultimo livro nela foi publicado.Eu acompanhei de
longe ela escrevendo o livro,ela
simplesmente estava passando por uma crise existencial e melancólica.O marido
nela disse que ela estava obcecada em terminar o livro,só que simplesmente não
conseguia. Ela estavam em conflito consigo mesmo.Ela acordava as noites,andavam
do seu jardim e ficava do seu quartinho,pensando o que escrever do próximo
capitulo.
Um dia nesses,ela me ligou,e disse que queria almoçar
comigo.Ainda estava sofrendo com o livro,que futuramente seria a sua obra
prima.Ela queria o almoço imediatamente.
Ficamos naquele restaurante, e ela estava com aquele
olhar:Sim aquele olhar tenso,enigmático,e sofrido.Aquilo era o fruto de sua
literatura,e de sua filosofia,de sua poesia...e possivelmente do seu suicídio
não depressivo.
-Sr Rolfe,estou terminando o meu livro...
-Isso é bom Virginia
-Sim,mais eu sofri tanto pra fazer esse livro,senti dias
tristes e solitários
-Seu marido me disse
-Sim,e eu sei que o livro esta bom ,so vim aqui...pra
dizer...
-Dizer o que Virgina?
-Um possível Adeus,eu acho...
-Possível Adeus?O que você esta falando?
-Não sei porque,mais eu acho que eu vou embora,não sei
porque mais eu sinto isso.Sabe...todo o meu caminho já foi trilhado
-E o seu marido?Como ele vai ficar?
-Vai ficar bem,com o tempo ele vai ficar bem
-Tira isso da cabeça Virginia,isso não é legal,acredito que o seu romance vai ser um
sucesso,e você vai sobreviver.
-Sim,claro-Virginia deu um sorriso pra mim,e disfarçou sobre
isso.Da época eu sai que aquilo era um delírio,coisas de escritores.A maioria
de nos meu filho...somos fardados a
loucura.Deve ser por isso que eu me tornei critico,pois o critico parece ter um
trono mais racional e frio,ele sim participa da cena literatura,mas não participa da escrita dos
romances,das filosofias ou coisa do tipo,ele apenas analisa.
Virginia falou de coisas rotineiras,falou da visita que os
sobrinhos fizeram a ela e tudo mais,esqueceu daquele assunto.Eu também
esqueci,eu queria contar pro marido dela,sobre aquele assunto,porem eu não
queria assustar a ele a toa,e eu acreditava que isso era um delírio da parte de
Virginia,coisa normal de escritores.
“Todos eles,malucos.Sorte que eu sou critico” Pensei eu,quando
eu fui dormir,o que eu fiz do dia seguinte?Viver o meu dia,possivelmente
escrever novas linhas criticas,e claro,falar de maneira critica e aguçada o
novo livro de minha velha amiga.Acredite,isso era bom,pois do fim a critica não
passava de um esporte argumentativo,porem as áreas de criticas as vezes pode
ser cruel demais.Eu defini o livro”
Betwen the Acts “ como um romance delirante,e um pouco paranoico sobre a
segunda guerra,que aquilo era “uma alusão de delírios pseudo poéticos e
broxantes sobre a segunda guerra”.Eu me senti bem quando falei aquilo,apesar de
que a guerra naquela época já estava num aspecto profundamente sombrio.Mais
como eu disse antes...eu era jovem,e não sabia das coisas.Mesmo que a
Inglaterra esteja da época ainda quebrada
eu defini o romance como broxante ou algo ridículo demais,como se
aqueles sentimentos em torno do romance era uma espécie de outro mundo,algo andrógeno
ou que estava fora dos sentimentos cruéis e pertinentes da realidade. Bom,com o
tempo passando,eu lembrava vagamente do jantar,e do fato de que ela disse “Adeus”,eu
pensei em falar com Leonard,o seu querido marido e amigo,para ver se ela esta de
fato bem,bom..eu esqueci naquele assunto,e eu
apenas continuava vivendo,continuando com as minhas criticas e resenhas.Porem
do dia 28 de março eu descubro uma noticia triste,sim...andando pelo jornal,com
olhos vazios e apáticos,surge a figura de Bernad,o editor do jornal da época,e
meu amigo da época,ele foi até mim e disse “Tenho uma noticia a relatar a
você:Virginia Wolf morreu...ela se matou “.Quando ele disse isso,eu apenas
senti uma imensa dor do peito.Naquela época,eu,Leonard, e boa parte da Inglaterra
sabia dos acessos de loucuras de Virginia Wolf,mas Leonard,e até eu...tínhamos
uma esperança sobre a vida de Virginia.Aquela noticia me deixou cabisbaixo,e
obviamente me deixou profundamente triste. Eu pensei que eu poderia ter feito
algo,e isso claro,doeu até as partes estranhas e obscuras de minha alma
arrogante e jovem.”Eu devia ter avisado a Leonard”,foi o que eu pensei. Bom...aquele
tipo de reflexão não levava a nada,a não ser a dor.Por fim,os anos se passam,e
a minha escrita foi largada.Da metade da década de 40,eu andava das ruas de
Londres,a minha querida cidade natal.Lá...eu via crianças brincando com tijolos
de casas derrubadas,vejo soldados cegos sentando a uma escola explodida e
fumando um baseado,e claro,eu olhava para o céu cinza,e para o resto da
população.Estávamos perdidos,com medos ,e sem destinos.Vimos alguns reinos indo
pro inferno,vimos um bocado de gente morrendo,e
uma boa parte de sobreviventes
que era nos.Naquela época,eu parei de escrever criticas,e não sei porque...eu
peguei os livros de Virginia,e reli tudo de novo.O sentimento foi
diferente...se antes eu achava as personagens de Virginia como pessoas fracas,sensíveis
e banais.Percebo um ar de enigma,profundidade e mistério que Virginia carregava
em sua literatura,escrita e personalidade, sim...eu sentia uma melancolia e
magia.Algo que so daquela época horripilante,onde estávamos a merce do fim de
uma grande guerra,e as nossas vidas estavam perdidas...que eu me salvei,ou pelo
menos salvei a minha alma arrogante,quando eu li Virginia Wolf.Teve que levar
mais de dez anos de sua morte para eu
fazer um tributo a ela do meu livro”A literatura e a vida”,os críticos riram das
minhas suposições sobre a escrita,e que claro,era engraçado eu endeusar a
Virginia.Eu tentei ou coloquei a suposição básica da escrita:Repetição e
inspiração.O resto...foi resto,foi suposições poéticos,riscos absurdos e ridículos...aventuras
delirantes,e claro,a critica massacrante e racional.”Talvez uma loucura sóbria seja
necessário” afirmo a mim mesmo quando fiz o livro.E isso falo a você meu filho.
Agora,eu devo morrer,claro.E devo dizer que tudo que é mortalmente
humano,acaba,e isso não é ruim.Eu so queria ter ajudado a Virginia ou o
Leonard.Leonard,mais do que outros,tinha que encarar a vida depois que ela se
matou.Até hoje eu me pergunto porque ela tinha acessos de loucura,e porque ela
se matou.Não sei dizer...por fim talvez,ela queria acabar com a sua loucura,ou
talvez ela estivesse numa mesma posição que eu estou agora:acho que todo
romance,bom ou ruim,tem que terminar.
Espero que você viva a sua vida filho,se arrisque,seja
idiota,seja tolo e arrogante,mas também envelheça e tenha um bom casamento com
Mariane.Ela de fato pode ser uma mulher
de sua vida(ela é lindíssima,não perca ela).Sobre o fato de eu ter
falado sobre a Virginia...bom,não quero te converter ao feminismo(Eu até hoje
acho isso uma coisa ridícula) ou dentro do pensamento filosófico ou literário,eu
só queria mostrar que por trás nesses sorriso gentil e doce que eu possuo
hoje,tem varias historias trágicas e sombrias por trás nelas.Algumas banais e
tediosas,e outras simplesmente trágicas,que acontece com qualquer um,como essa
historia.
Abraços
Do seu velho e querido pai.
Eu te amo.
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