sábado, 26 de dezembro de 2015

Um bom natal para vocês(Meus poucos amigos)







Natal,a cidade esta magica,cheia de luzes vermelhas brilhantes,pessoas alegres,caralho a quatro.Eu bebo o meu vinho vagabundo,e vendo tudo nesse ano da TV ,esse maldito ano,percebo que estou com o meu traseiro aqui do sofá (do sitio de minha família)  vendo o mundo realmente acabar,é o fim,sim  é o maldito fim.

Eu lembro daquele natal,do ano passado,eu queria fazer um texto falando sobre você Alex,mais cara sabe como é...o tempo passa,as vezes eu esqueço ou tento esquecer nesses assunto.assunto. Dói um pouco,sabe como é...parece que a gente perde vários amigos.As vezes alguns caras tem que ir mesmo,outros...sabe como é,o tempo o tira,ou simplesmente a vida a tira.

Eu tive que mudar a minha vida dois anos atras,a minha vida tinha certas desaventuras juvenis e outras coisas,eu estava em profundo desespero e Alex( o meu melhor amigo,viajante de estrada,ex junkie maldito,sonhador,poeta fracassado como eu) disse que ia se mudar,segundo ele os tempos mudaram..sim,os tempos mudaram. Estávamos do dia de Natal  perdido em São Paulo.Sem família,apenas eu,ele,e o resto de alguns vira latas comemorando em um bar esquecido por Deus(e por Diabo também).Alex estava lá comigo:O seu rosto deformado como se fosse uma especie nova de Bukowski,os olhos empolgados,rasgando como faísca,mais também cheio de tremor.Meio alto e desajeitado,mais não tinha medo de viver. Ele detestava de  maneira estranha o natal,eu não,mais o compreendia.Mais voltando do assunto,ele disse que ia ter um emprego.

-Eu vou mudar de emprego,quer dizer-diz ele sorrindo-eu vou ter um emprego de verdade,do próximo ano.E  é de outra cidade,Minas.
-Porra cara-falei pra ele,meio puto-Porque Minas?
-É uma fabrica de queijos e tudo mais,tem um monte em Minas.O salario  é razoável cara.
-Mais aqui em SP tem tudo-afirmei pra ele,mostrando os vira latas bêbados,o garçom furioso,algumas rameiras  com uma cara de "quero chupar pau",etc.
-Tem e não tem,mais sentirei saudade de você e nesses malucos. -Afirmou ele com mais um tipico sorriso triste nele.

-Bom,vamos sair daqui então. -Eu disse
-Beleza.

Andamos pelas ruas de São Paulo,cheias de pessoas,movimentos,carros loucos,fogos de artifícios.

-Caralho porque você queria andar pelas essas ruas?Ouve esses malditos barulhos!-Gritou ele.
-Eu sei,mais o bar tava pê do saco.
-Cara,tinha duas mulheres,elas queriam chupar o nosso pau.
-Você acha sexo oral algo bom?
-Pergunta doida,eu gosto de receber e não de tentar chupar.

-Eu gosto que elas me chupem,mais sei lá...onde elas enfiaram essa boca antes de tentar chupar os nosso paus?-perguntei pra ele.

Ele riu. Estávamos loucos e idiotas,falando sobre sexo oral.

-É,mais é uma triste filosofia,a cidade esta cheia de sujeira,não da verdade não;Tudo da vida é sujeira,nada é limpo.
-Eu sei cara-Afirmo pra ele,olhando pro uma bunda de uma puta da rua 23-Mais eu tendo a ter cuidado.Nunca se sabe,pode me achar veado,mais não sei onde a mulher coloca antes de querer chupar a nossa rola.

A gente riu um pouco de novo.Andamos  por  um outro bar,la tinha alguns caras legais,segundo Alex"Gente que faz boa arte porem não ficam com cara de metido a artistas."São Paulo estava cheio de pessoas metida as artistas,e a gente achava aquilo um saco.
Chegamos,abrimos as portas,tinha aqueles queridos vira latas: "Carlos duas estrelas",ele se auto se chamava assim,era um velho poeta aqui  do centro de SP.Como ele é?Parece um mestre velho  com um olhar doce e juvenil.A voz era grave,cheia de agressividade e malicia.Magro que nem esqueleto.Mais gosta de comer  bem,foder bem,trepar bem,beber bem,viver . Ele estava vivendo o natal enchendo a cara  e vendo as pessoas sendo idiotas,não estava fazendo nenhuma poema.Estava querendo ver toda a cena.Andamos até a direção nele do balcão:fumando,bebendo uma cerveja,arrotando.
-Carlos duas estrelas!Seu cretino doido!-Alex abraça ele,eu também,sentamos numa mesa e bebemos,era natal,mais a gente falava sobre arte e tudo mais.

-Vocês acham que um dia a gente vai ser famoso?-Pergunta Carlos.
-Nícolas?-Alex olha pra mim com um sorriso malicioso,eu sou mais o rabugento da turma.
-Acho que não.O Carlos aqui  é o velhão e até hoje não vi você  da TV cultura,ou então da globo news.
-Oh meu amigo Nícolas...eu queria estar do "Esquenta!".Onde ta toda essa porra de povo que sabe que é burro,queria estar do mainstream mesmo,assim como ao mesmo tempo eu não queria estar...coisa de doido.
-Explica a sua loucura Carlos.-Indaguei.
-Oras seu tolo.Não da pra explicar a loucura,só da pra sentir.Você consegue explicar racionalmente com uma logica Spock da Silva,o porque de você se apaixonar?Consegue Alex?
Alex se levanta da mesa e grita:-Oh!Eu amo você Sthephany!
A gente,pobres homens bobos,ficamos rindo.
-Viu meu jovem Nícolas,essa é a maneira mais racional de explicar a paixão ou então as raízes da loucura.Não sei meus amigos,o que eu acho nojo é esses artistas atuais,meu deus do céu!Se você verem eles andando,fazendo a sua arte tudo mais,você fica abismado!É  uma veadagem do caralho!Hoje estamos em mundo cheio de fresquinhos que acha que faz arte!Puta que pariu Alex!Porque nenhum livro doido seu é lançado do mercado editorial?Mais cara quer saber?Esquece!EU tenho uma desilusão profunda a raça humana,veja só: temos longa historia como seres humanos,tantas sagas,tantos fatos gloriantes e épicos que a bíblias falaram.

-Acho que hoje mais do que nunca,estamos vendo o fim nessa  cidade.Por isso que mudarei pra  Minas.
-Porra Alex porque?-Reclama Carlos.
-La eu terei um emprego melhor,ou melhor dizendo:um emprego de verdade.
-Porra,eu sei como é.Tem que ter um ganha pão nessa merda.
-Sentirei saudade de vocês caras.Mais acredito que Minas é um lugar melhor que SP.
-Nícolas ama São  Paulo,e eu...me acostumei com esta cidade.Ela faz parte de minha vida.
-Você ama São Paulo Nícolas?-Pergunta Alex.
-Sim,mais do que eu mesmo,eu amo toda essa merda,todo esse lixo e algumas maravilhas.
-Que maravilhas meu jovem?-Pergunta Carlos.
-Esta conversa de boteco.Vamos celebrar isto.

Pegamos nossos copos e celebramos a nossa conversa de boteco. A gente tinha  que sair de novo.Alex disse que queria sair pela rua de novo.
Abraçamos o Carlos. E ele olhou pro Alex.

-Nícolas,meu jovem  poeta,deixo falar por um segundo por Alex.

Eu sai do bar e esperei por um tempo lá fora.A ruas estavam frias e cada vez mais tinha fogos de artifícios e crianças doidas berrando de alegria.Alex saiu do bar e me viu,apenas disse "Vamos andar por ai,vou sentir saudade daqui."A gente andou pelo parque da  republica,pelas galeria do rock,algumas igrejas antigas,vimos alguns casais se beijando e sentimos uma dor do coração:pois sentíamos solitários.Eu por perder amigos cada vez mais,e ele por se mudar,os motivos que são obscuros.

-Sabe o que eu acho estranho?-Pergunto pra ele.
-O que Nícolas?
-Até agora a gente não foi do Bordel.
-Sim,é estranho,mais não sei...você quer ir?
Eu pensei por um instante.
-Não.
-Ta brocha?
-Não porra,tu não que ir também.
-Não...mais o meu pau ta duro.
-Não quero saber disso seu veado.
-Não cara.O que quis dizer é que eu vou sentir saudade da Stephany. Ela  é o meu amor,mais ela me odeia.A Stephany me deixa por tesão,o amor que sinto por ela me deixa com tesão.
-Porque cara?
-Não sei.A puta disse que eu devia tomar jeito.Falou que eu devia ler Karl Max,ler sobre esses novos pensadores e virar socialista.
-Serio?
-Serio.
-Porque você ama ela?
-Oh meu amigo Nícolas.Você não entende?O Carlos acabou de falar isso:O amor não é racional.Eu amo ela,mais ela é burra.Eu aceito os defeitos nela  e ela aceita os meus defeitos que são de fato absurdos.

Ele falou de uma ideia estranha.
-Veja só; vou fazer uma declaração idiota de amor:Pegue o seu violão e vamos ficar cantando soneto pra elas.Acredito que ela gosta nisso.
-Oh cara,isso é idiotice.
-Eu sei,mais acho que devo fazer isso.
-Como vamos fazer serenata se ela mora do decimo andar do apartamento?
-Não sei cara.Vamos lá.Vamos fazer idiotice.

Eu concordei,parecia que ele necessitava nisso.Veja só: Vamos pra casa(Era 9 da noite) para pegar o meu velho e cansado violão "Thomas".
"Aqui esta o meu velho amigo Thomas" eu disse pro Alex.A gente pegou um ônibus e chegar até o apartamento nela e fazer serenata.
Do ônibus falamos algumas coisas interessante pelo seu ponto de vista.Ele falou sobre Carlos,sua poesia louca e suja,e a minha desperança:

-Nícolas,acho que  toda a raça humana é idiota.Ao mesmo tempo que ela é de fato uma raça que pode ser glorificante.
-Porque diz isso?
-Digo isso pois esse Natal é a despedida de mim a minha cidade,da Stephany e de você meu amigo.Bom...vou sentir saudade do Carlos e sua poesia louca.A sua também,por mais critica que você recebe.
-Você é um bom  poeta Alex.Prometa que vai continuar escrevendo aquelas  poesias sujas só que são de maneira estranha bonitas.
-Prometo,te mando por E-mail.
-E escreva um livro.
-Talvez sim.Mais eu sinto desesperança.
-Desesperança de que?
-Nesse pais,nessa cidade.De nossos futuros.
-Por que?
-Tem vários motivos:um dia todos nos vamos morrer(obviamente)e sabe de uma coisa?Como vai ser quando as nossas escritas,tua musica,caralho a quatro,for embora e não reconhecido?
-Seja possível que sejamos famosos.Eu posso ainda me tornar um rock star.
-Pode meu jovem Nícolas. Acredito de sua capacidade e talento.Mais nunca se sabe,você viu como o Carlos esta:Os poemas neles são completamente atuais,bonitos,brutos,e ele é desconhecido.A verdade é que sempre queremos fama.Eu também quero ser um pop star.Mais acho difícil,parece que as pessoas não se interessam.
-Talvez sejamos infantis demais.
-Ou solitários sabe?A solidão é uns dos maiores movimentos que existe.Muita gente é solitária,mais parece que a gente ganhou uma solidão monstruosa.Veja só: So você,eu,alguns outros malucos esquecidos,Carlos,Andre,Marcos da Silva...quem mais?Quando sai um,tudo parece que fica mais fragmentado.
-Porra cara!Somos fortes!
Ele repensou,e admitiu.
-Estou saindo de SP e indo pra Minas,porque eu acredito que la seja um lugar melhor.Eu amo você Nícolas,de verdade,assim como amo  a Stephany e outras pessoas.Mais não sei,acho que tenho que sair daqui,eu acho que aqui não tem mais nada pra mim.
-Eu penso diferente.
-Sim,mais eu te entendo.Acredito que você seja o cara que mais ama essa cidade.
-Todos nos amamos.Porem temos formas diferentes de amar.
-Cantar uma serenata idiota é um simbolo de amor a cidade?
-È um simbolo pra Stephany certo?e também uma carta postal para o nosso sofrimento e solidão.A nossa loucura misturada com idiotice.
-hehe.-mudamos de assunto-O que vamos tocar?
-Não sei...Chico?Caetano?
-Você não detesta esses caras?
-Sim,mais se quisemos ser idiotas,temos que ser idiotas profissionais.
-Toque Legião...
-Oh não...detesto legião.
-Temos que ser razoáveis. Eu.Eu canto "Monte Castelo" ,você apenas toca.Sabe tocar ?
-Acho que sim.
-Se não souber tudo bem.Toca qualquer merda.

Chegamos ao frente do apartamento nela.Não queríamos entrar do apartamento,pois isso tiraria o conceito de serenata.A gente gritou o nome nela.Ela apareceu com cara de vergonha.
-O que você quer Alex?Porque trouxe esse idiota junto contigo?
-Porque você é uma idiota Stephany,mais eu te amo.
-Seu filho da -
-Apenas ouça.Depois pode nos mandar embora.
A gente tocou a musica.Eu não afinei o violão,o Thomas esta desafinado pra dedeu e Alex não se esforçou para cantar bem.Cantou com uma voz propositalmente brega e fingindo estar bêbado,tudo isto para irritar o seu amor."Que coisa mais louca" eu pensei.Hoje eu penso que foi uma cena tão engraçada que eu não sei escrever ao certo o quanto era desafinado e propositalmente ruim a nossa serenata.Alex esqueceu da letra e eu comecei a tocar outra canção qualquer. Stephany jogou um balde  de água em nos dois.

-Ta feliz agora?Seus patetas?
-Oh Baby,eu te amo.Eu viro comunista marxista ta bom?Começo a amar o Che guevara....
-Sabe Alex..eu achava que você era grande coisa.Eu pensava que você era um cara talentoso,carismático,inteligente.Mais percebo que você é só um idiota.Adeus,saia daqui.Leve o seu amigo Nícolas também.Vocês dois se merecem.


Nos dois ficamos desiludidos e fracassados,mais ao mesmo tempo felizes,foi algo inusitado e engraçado.A gente não se importou em ter ficado molhado.mais sentíamos triste.Era meia Noite,não trepamos com ninguém,só zoávamos com o amor da vida de Alex e conversamos com um poeta desiludido.Enquanto deu meia noite as pessoas gritaram,soltaram fogos e a gente apenas nos abraçamos.Abraçamos como tristes amigos,que vão se despedir.

Do caminho de minha casa.Alex para.O seu rosto deformado como se ele fosse uma versão nova de Bukowski,os seus olhos cansados,o andar melancólico,e a voz rouca,como de um garoto que se transformou em um homem amargo.

-Nícolas.
-Oi?
-Desculpe cara.Tenho que ir.Amanha eu tenho que viajar,
-Agora?
-Sim-diz ele olhando para o chão.
-Por favor Alex,vamos curtir mais um pouco.
-Tenho que ir cara. So desejo boa sorte pra você.

Ele anda da direção contraria de minha casa,voltando todo o caminho percorrido para ir de sua casa.Antes que fosse eu gritei.

-Ei seu puto!Não esquece dos teus poemas! E vive feliz em Minas.
-Obrigado Nícolas  .Eu te adoro cara.Você é como meu irmão.Continue da sua jornada como poeta e musico.Obrigado mesmo.

E ele se foi.Alex se foi.E toda a maldita cidade estava feliz.Oh sim...era natal.Onde podemos gastar os nosso dinheiros com  coisas inúteis,onde podemos beber como idiotas.Como podemos viajar para ver a porra da natureza...sabe como é...fugir da cidade,fugir do seu espelho...

Hoje é a mesma coisa.Eu fui viajar com a família. Todos estavam feliz.A família inteira.Todos estavam do sitio pulando da piscina e esquecendo dos traumas da rotina.Eu?Sou um maldito mal humorado,e hoje em dia é o que todo mundo pode ser.Principalmente os escritores.Os escritores são os seres humanos mais mal humorados e irritante da terra.Hoje eu to puto.Puto mesmo.

Eu não queria estar aqui da piscina,vendo as arvores e falar das olimpíadas do próximo ano .Eu queria ver o Alex,alguns velhos amigos.Alguns companheiros de guerra.Nada contra a família. Mas não sei...esse natal é um trauma.Pois nesse ano,ele morreu em julho,acidente de carro.Coisa rotineira.
Parece que o louco estavam em alta velocidade.Alex me mandou vários poemas enquanto ele estava vivo,e nesses varios poemas estavam abarrotados de vinho,de sangue,de tinta de caneta,rabiscos,a coisa toda estava suja.O que pode definir o Alex é que ele do fundo sempre foi um selvagem,ele era um maldito selvagem.Mais ao mesmo tempo era um filho bastardo de São Paulo,ele se sentia um bastardo,um filho sem pai...ou um pai sem ter a change de ter um filho.Ele disse que estava cansado,que queria se mudar.Engraçado é que do primeiro mês ele foi demitido,parece que ele rodou em varios bares,bordeis,cinemas vagabundos,etc.Talvez fazendo um soneto idiota pro uma mulher de Minas,não sei...o que ele fez em sua vida é dificil saber 100%.Com esse natal aqui do sitio,enquanto tento tomar alguma bebida acoolica para esquecer nesse porre e tédio,sempre lembro do Alex.O amigo,irmão,parceiro,cara doido dos velhos tempos.Sim ...agora é velhos tempos.
Agora é historia.
Unica coisa que eu desejo é do fundo do meu  pobre e miserável coração:Um bom natal(Meus poucos amigos).


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