domingo, 26 de julho de 2015

Quarto 23



Ela dorme,silenciosa e dorminhoca como um mar suave preste a se bater com as pedras.
Sim,eu pensava assim todas as noites que via algo que não conseguia compreender.
Seria a mesma ideia de compreender todos os insetos  pequenos em volta de um vulcão grande que explodira larva a qualquer momento.
Pensei brevemente do breve momento...sim a ideia de espalhar sangue pelas beiradas dos quartos e da janela da sala de estar.
Ela estava do quarto 23,a belíssima e curva louca da ideia de alguém me afastar de min.



Ossos dormem com o passar da tarde,vi nua parede de passagens esperadas.
Só deus chora aqui da terra de ninguém,pelo menos era só ele que eu via chorar.
E ela dorme,bruta e bela,esperando o seu quadro chegar  a São Paulo.
A janela cheia de plantas,flores pálidas,sonhos brutos e virgens.
Enquanto aqui embaixo um anjo morre depois de cheirar cocaína.
Estavam chegando desesperados..e ela estava nua se olhando do espelho do quarto 23.


Olhos se fecham,das curvas de um seio,pássaros berrando da madrugada da noite.
Ela beija o homem que eu era tempos atras,antes de virar esse tipo de homem triste e solitário.
Sim,me afundo celestial e patético aos cometas silenciosos que sopram pequenas poeiras cósmicas.
"Elas",o resto do universo e a vida em si não espera nada de min,ou eu não espero nada de min mesmo.
So queria dormir um pouco,reservar com os restos quer a  noite me deixa.
Oh sim,me deixe masturbar do quarto 23,onde ela e eu morremos dias atras.


V im fantasma do tamanho do meu corpo,com olhos cinzentos e vazios como os restos nessa cidade.
Ele chorou da madrugada inteira,e Jesus,o maldito salvador desceu do céu com a sua Harpa tocando todo o paraíso.
"Para que o Paraíso?!Para que o Paraíso?!"berra o fantasma para o Cristo.
Ele,o salvador apenas tocava as longas notas de sua harpa,possivelmente tocando o tom de sol maior.
O fantasma apenas chorava,e o resto das pessoas lá embaixo simplesmente a ignorava todo o som emitido pelos prédios nessas duas aberrações contemporâneas.
Oh,esse dia era apenas caos,nada sagrado,tudo perdido,esmeraldas de beijos,e vidros contorcidos e derretidos com a possível chegada do sol.
Com o possível fato de que o sol iluminara os olhos nela do quarto 23,e voltar a ser morta como antes.


Ela apenas olha pra min com seus olhos castanhos de ontem e diz"Fique comigo só esta noite".
Possivelmente eu estava cansado demais para ficar com pena de min mesmo.
Ela só tira a roupa docemente mais uma vez com a vista da pragar lunar largado com as barreiras dos espaço tempo.
E ela me beija com tristeza,antes de cortar os pulsos de novo e voltar a sua rotina de antes.
"Você é só meu"diz ela, e  o quarto 23 se fecha depois das quatro da manha.

O chaveiro tenta abrir.
"Quem estava lá?Quem estava lá?" Pergunta um bêbado qualquer depois de todos o vazio que percorria sobre esse quarto.
Eu saindo do hotel olho pra ele e  respondo "quem pode saber?"
"Quem pode saber?"
Possivelmente era Rimbaud comendo Paul Velarie.
Possivelmente era Van Gogh pintando mais uns dos seus quadros.
Talvez seja Maria trabalhando,ou Kurt metendo um tiro do próprio cranio.
Ou nada demais,só um quarto,só duas pessoas,só um poema,só um final qualquer nesse mundo cheio de pessoas tristes e vazias.

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