sábado, 20 de dezembro de 2014

Ruas de sangue e tudo mais

As vezes eu ando por muitos lugares e eu percebo o quanto inútil eu sou, realmente isso e pura verdade,pois tem tanta gente tão ferrada e deitada num rio de merda que faz pensar que os meus poemas e minhas crises existencial as vezes e coisa de uma pessoa mimada que não sabe nada da vida. Sobre a vida em si eu posso dizer muita coisa, Sócrates fala tanto da vida de forma muito engraçada sempre mencionando o seu universo do pensamento, Descartes fala que "penso logo existo" como unica forma de realidade que ele existe. Tem gente que fala de Deus, e que Deus fala que somos a semelhança dele e tudo mais.O engraçado e quando eu fui ver o meu avô do hospital, ele estava com um grave câncer, eu acho hospital a coisa mais trágica do mundo,eu não queria ir pois me dava estranheza o fato de que muita gente morre e nasce la do mesmo momento, e as pessoa são tão naturais em relação a isso. Isso me assustava, a vida e a morte estão tão perto e tao despercebido pelos nossos olhos,isso me sensibilizava e tbm mostrava o ser humano completamente vulnerável. Se você quer ver algo vulnerável e só ir do hospital, um bebê que acabou de nascer, um cara que teve um acidente de carro ou um homem com câncer todos eles estão a merce da vida ou da morte mesmo que seja algo pequeno,o ser humano e vulnerável mais as pessoas gostam de esconder isso,sempre tentando mostrar que e melhor que o outro,mas quando esta do hospital a gente vê completamente vulnerável e mesmo que ela tente esconder não da, a vida mostra o quanto essa pessoa e pequena. Meu avô joão, apesar de sua humildade e tudo mais ele não gosta de mostrar a sua fraqueza,sabe que o tempo passa e aceita isso,mas o fato de ele não ter razão de alguma coisa deixa ele bravo. Hospital e uma grande burocracia e ele tinha que obedecer as ordens do medico, os remédios, a comida, as cirurgias e tudo mais,a questão e que meu avô estava realmente em estado grave,os rins nele estavam muito fodido e parecia que tinha que fazer uma cirurgia. A questão e que os medicos estavam tentando salvar o rim, se não desse teria que tirar e, o vô joão teria uma vida muito difícil e ruim, ia depender muito da minha vó zilda, ia usar saquinho onde toda a sujeira e coisa que ele consome estaria ligado ao corpo dele, e teria muita dificuldade de fazer coisas realmente necessárias e simples da rotina, como levantar, andar, trabalhar. Iria ter um corpo muitíssimo limitado e vô João não queria isso. Ele tem um sitio la em bertioga e mesmo aposentado, gosta de trabalhar e tudo mais.A questão era realmente complicada e o vô começou a falar muitas infelicidades para a minha mãe e minha vó zilda, coisas como "eu não quero viver dessa maneira", "não quero ser um vegetal", ele ameaçou varias vezes de cometer suicídio. Percebi, que não era só eu que tinha essa tendência de pensar em se matar. Fico imaginando o choque que a família ia ter sobre mim. Eu pensei que ele estava se sentindo sozinho ou talvez do fundo ele meio que estava de saco cheio de muita gente que tinha que olhar em volta. Dois caras ao lado da sala dele, um deles com uma operação de tirar alguma coisa, os medicos de hospitais (principalmente públicos) possuem a tedência de ser um retardado de primeira classe e bastante indiferente com o pedaço de carne quase apodrecendo em sua frente. O médico do hospital mandou tirar uma peça errada do carro e sabe como é, tentou de alguma forma prevenir alguma cagada maior, e fizeram outra cirurgia com aquele pedaço de ketchup fora de validade e ele acabou morrendo de maneira gloriosa, com a cara velha de boca aberta saindo baba e a barriga aberta. O outro morreu de velhice mesmo, morreu muito bem pelo que falaram, ele não necessitava de nenhuma preocupação como ir do banheiro e deixou a cama cagada para a enfermeira que esqueceu de colocar fralda... Sabe, com coisas desse tipo que só me resta usar esse humor que eu tenho. Então voltando ao assunto eu pensava que o vô realmente deve estar triste de ficar sozinho e tudo mais, e as pessoas ao meu redor enchia muito o meu saco dizendo "nicolas não liga pra ninguém...ele e egoísta", e coisas obvias nesse tipo, com meu pai eu finalmente fui tentar ir ao hospital. As coisas não estavam ruins quanto pareciam, eu fiquei la na bombonierre esperando meu pai fechar e me levar pro hospital, e eu estava falando com marcos sobre as relações humanas, marcos era um homem de 60 anos,baixinho,rosto velho mais demonstra certa dose de"eu aguento essa porra". Marcos não e exatamente um homem culto e íntegro mais realmente sabe coisas da vida. Ouvindo ele falando parecia algum personagem de bukowski, sujo,meio perverso e rabugento,falando sempre com ele, eu vi a outra fase da velhice e eu falando sobre meu vô, e ele falou de relações sociais de hoje.
"A sua geração nicolas e uma prova de não conseguir ter relações verdadeiras, na minha época tinha a play boy e eu não curtia essa porra", fala ele dando pausa beber a cerveja, "eu dizia pro caras tomarem do cu e pararem de ver uma mulher e ir pro puteiro que nem eu".
"E agora as coisas mudaram?" perguntei pra ele só pra ouvir o que ele tem que dizer.
"Piorou ...agora vcs usam esse tablet e computador babando vendo uma mulher"
Meu pai já estava preparado. Me despedi do marcos, e fomos de carro para o hospital de São miguel, sábado a tarde era bem deprimente as vezes, estava toda cinza, não chovia, mas mostrava o tédio que são as rotinas dessas pessoas...a gente parou o carro no banco bradesco da avenida sao miguel, por não achar um lugar pra estacionar perto do hospital, e andamos até o hospital. Meu pai falou que não era complicado ir ate esse hospital, e não era mesmo, e tbm disse da situação do meu vô, "ele ja fez a operação, não foi tão ruim assim, ele ainda terá o figado só que por hora esta bastante frágil depois da cirurgia, e se sente um pouco sozinho com a vò zilda",do final de contas por mais teimoso que meu vô parece ser ele e um tipico e ate clichê de um sentimental, tem sim sua base racionaria que parece que as nossas conversas sobre o futuro sempre tem discordância. O vô waldo parece ser assim, mais e um homem caipira que foi pra cidade criar uma família e continuando a tocar musica de sua terra. João e mais racionalista, mas ambos são extravagantes. Se perguntar pra mim se meus avos são complicados, eu ia discordar na verdade. Pois, por mais besta que isso parece eles são homens simplórios em um mundo complicado, pois do final de contas o que importa? As senhas, as regras sociais, politicas, leis e tudo mais? As vezes, a simplicidade e a maior coisa da vida. Bom sem soar sentimental eu estava a visitar o hospital, parecia uma prisão ou um manicômio. Não era um lugar mal construído, e ate bem construido ...mas a alma era assustadora, e cinzenta, e triste com restos da cidade e do bairro de sao miguel. Entramos la, o horário era apenas de dez minutos,a tia de sei la onde acabou de visitar ele,andamos pelas escadas do hospital ,era o terceiro andar e chegamos la, meu pai guiou onde era o quarto dele, passamos por pacientes fragilizados,tratado de maneira delicado,a merce do que ira acontecer,o cheiro tímido de limpeza da cama suja de urina e tudo mais, e chegamos do quarto do meu vô. Ele estava sozinho com a vó zilda, a outra cama ao lado nele parece que o cara teve alta,eu beijei a minha vó zilda e cumprimentei o vô joão, eu olhei detalhadamente, quando eu vi ele eu pensava quantos meses eu não o via . Ele realmente estava frágil, magro mais do que o comum, a pele morena e cabelo grisalho ainda estava la com seu tipico rosto rígido e frágil, "oh nicolau já faz tanto tempo" ele falando com uma voz rouca e fraca e sorrindo, a gente, nos três falamos de muitas coisas banais da rotina ,eu apenas observei o meu vô que parecia desconfortável, falamos do trabalho da bombonierre, da minha mãe e sua empresa, e do tratamento do hospital e a cirurgia e tudo mais. Tbm falou do meu cabelo, passou o tempo e ele me despediu falando que da próxima vez que me visse ele quer que eu esteja de cabelo cortado. Bom a gente saiu de la, e ultima coisa que eu vi do corredor era um velho de cadeiras de rodas reclamando da fralda cagada, parecia um velho bem triste e esquecido por muita gente e talvez por algo muito pequeno, mas as pessoas consideram importante que e a consciência, essa luzinha que tenta colocar certas questões de certo e errado num porão escuro....

Um dia depois nascia o domingo,os médicos iam definir a alta de vô joão na terça e a gente estava otimista,quando eu vi ele daquele dia do hospital ele não parecia estar reclamando,mostrava paciência e tudo mais. A gente estava almoçando,eu estava tentando enfrentar a merda que e todo domingo,domingo e pior dia da semana, e ligou do hospital a vó zilda, ela disse que vô joão ja saiu do hospital, o que assustou foi que ela disse no final da ligação com meu pai "se ele quer morrer em casa que ele morra!", e desligou o telefone. Ficamos assustados com aquilo,demorou um tempo pra ela ligar,nesse tempo eu pensei que meu vô ia chegar em casa e ia se matar, pois não deu certo alguma coisa, ou bateu uma depressão. Eu tinha uma colega da escola que tentou varias vezes cortar o pulso, mulher bonita, melosa por seus sentimentos solitários, realmente era uma menina besta como muitas, mas tinha aquele ar radiante. Quando chegava no começo da aula ela parecia bem porque ela disse que aceitou Deus do seu coração e baboseira parecida, quando uma pessoa esta com uma vida de cu gostam muito de falar de Deus. Ela parecia bem, mas do outro dia ela se matou de maneira bem profissional, cortou os pulsos de maneira bem feita e deixou um grande plastico de piscina do chão do banheiro, para não sujar de sangue. Parecia uma suicida gentil, mas o que me chocou foi essas coisas das pessoas de fingirem que estão bem e sorrindo de uma maneira simplória e gentil mas da verdade elas estão ruins. Eu e minha ingenuidade pensava que só eu era bom nisso, quando eu saio da rua e a menina suicida e meu vô tbm, pareciam ser bons nisso com o resto do mundo.A gente esperou e esperou quando anoiteceu a vó zilda ligou e contou que o vô fugiu do hospital, fiquei aliviado e ate ri disso,pois se eu estaria do lugar nele faria a mesma coisa,pois fugiria de certas coisas ou iria embora, seria a melhor coisa a fazer.Ai disseram que meu vô e louco e tudo mais,que ele nao ouvia ninguem como sempre nesses tempos, pensei nessa coisa de realidade,de mundo que a gente participa,o mais normal de dizer e que esse lugar e estranho sei la ,so sei que me sinto estranho de andar nesses lugares,mais esse hospital,com essas pessoas parindo e morrendo, eu via da janela do quarto, tinha aquele hospital da avenida sao miguel,estava cheio,muita gente deve estar bem ruim,muito bebê deve estar nascendo,so sei que depois eu vi um cabeça de um pombo esmagado por algum pneu de carro,estava nevoroso demais com essas coisas e decidir ir pra casa e dormir.

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