quinta-feira, 21 de julho de 2016

O resto é resto





Da ferroviária,o trem passa e eu pulo dele.O que eu levo é apenas o meu  velho violão Thomas  da qual esta escrito”essa arma mata fascista”.O trem é velho e parte saindo de S.P e indo pra Minas Gerais.Porque eu sai daqui em S.P?Bom,porque acredito que eu culpei a minha querida cidade por tempo demais.Quando algum projeto artístico fracassava ou  o meu novo livro ninguém Lê,eu sempre culpei essa cidade e as pessoas daqui.Eu tive que levar um bom tempo pra perceber que o único culpado é eu,e não a minha cidade.Esse seria o motivo?Não,exatamente não,mas é a bala que é soprado pelo revolver que define o tiro.Eu sai de S.P pois eu envelheci e fiquei um bom tempo daqui.Como eu disse antes  eu amadureci e envelheci,agora estou em torno de 60 anos e eu pretendi ir pra Minas pra ver o que restou  dos meus ancestrais e  pensando se eu posso ficar em um lugar mas calmo,onde eu posso ser mais decente. Claro que eu quero voltar a SP,mas preferi viajar e ver lugares mais diferentes.
Adélia morreu,David Bowie idem,outros heróis do mundo da musica e da poesia também.Ouvi dizer que Marcos se tornou um andarilho,cansou de ser poeta,virou uma espécie de Rimbaud pós- adolescência.Eu  agora só tenho o meu violão velho,e uma manha enferrujada e graciosa.Enferrujada sim pois eu estou velho e solitário,eu sinto saudade de certas coisas e tudo mais.Porem eu quero viver,mesmo que resta um pouco de minha vida.

A estrada vai e sempre vai em frente.Eu com certo receio olho pra trás e vejo os trilhos se moverem através das lagrimas das chuvas.Movendo como uma serpente graciosa,oferecendo pra mim uma velha maça negra,com lábios de sangue mordidos e vermes vomitando sobre o sulco mordido pela fruta.Assim como do campo corre os tigres selvagens,os leões marinhos veados,as luas cheias de verdades e mentiras,e os homens e mulheres nus correndo pelo rio de lama.Eles uivam junto com o lobo de meia noite,junto com os romancistas e com os loucos mendigos da Avenida Flamingo,enquanto ainda vemos que ainda não anoiteceu,ainda é dia e daqui a 5 minutos veremos o por do sol.

E eu,eu sou o mesmo,mas ao mesmo tempo não sou o mesmo de antes.As vezes eu acho que eu morri algumas vezes e renasci como um bebe retardado esperando por alguma salvação.Os motivos sempre foi alguma espécie de Rock-Baby-Luz-Cinema-Vida-Morte e peregrinação continua de minha inquietação e melancolia. Eu nasci e morri varias vezes,parece que eu não sou o mesmo cara que eu era 10 horas atrás.Antes eu poderia escrever uma canção triste ou coisa do tipo,e agora eu rio da vida e a glorifico como se ela fosse algo maravilhoso.E eu de fato acredito que ela é,e sempre vai ser.Claro,vai doer viver,vai doer morrer,mas vai valer a pena.

Enquanto isso eu dedinho alguns acordes vendo o por do sol.Ele sangra como o meu corpo e espelha a sua vulnerabilidade e grandiosidade como um monstro gigantesco belíssimo e sagaz.E o resto  é apenas o resto,é apenas o resto da estrada e do destino.

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