Da ferroviária,o trem passa e eu pulo dele.O que eu levo é
apenas o meu velho violão Thomas da qual esta escrito”essa arma mata
fascista”.O trem é velho e parte saindo de S.P e indo pra Minas Gerais.Porque
eu sai daqui em S.P?Bom,porque acredito que eu culpei a minha querida cidade
por tempo demais.Quando algum projeto artístico fracassava ou o meu novo livro ninguém Lê,eu sempre culpei
essa cidade e as pessoas daqui.Eu tive que levar um bom tempo pra perceber que
o único culpado é eu,e não a minha cidade.Esse seria o motivo?Não,exatamente
não,mas é a bala que é soprado pelo revolver que define o tiro.Eu sai de S.P
pois eu envelheci e fiquei um bom tempo daqui.Como eu disse antes eu amadureci e envelheci,agora estou em torno
de 60 anos e eu pretendi ir pra Minas pra ver o que restou dos meus ancestrais e pensando se eu posso ficar em um lugar mas
calmo,onde eu posso ser mais decente. Claro que eu quero voltar a SP,mas
preferi viajar e ver lugares mais diferentes.
Adélia morreu,David Bowie idem,outros heróis do mundo da
musica e da poesia também.Ouvi dizer que Marcos se tornou um andarilho,cansou
de ser poeta,virou uma espécie de Rimbaud pós- adolescência.Eu agora só tenho o meu violão velho,e uma manha
enferrujada e graciosa.Enferrujada sim pois eu estou velho e solitário,eu sinto
saudade de certas coisas e tudo mais.Porem eu quero viver,mesmo que resta um
pouco de minha vida.
A estrada vai e sempre vai em frente.Eu com certo receio
olho pra trás e vejo os trilhos se moverem através das lagrimas das
chuvas.Movendo como uma serpente graciosa,oferecendo pra mim uma velha maça
negra,com lábios de sangue mordidos e vermes vomitando sobre o sulco mordido
pela fruta.Assim como do campo corre os tigres selvagens,os leões marinhos
veados,as luas cheias de verdades e mentiras,e os homens e mulheres nus
correndo pelo rio de lama.Eles uivam junto com o lobo de meia noite,junto com
os romancistas e com os loucos mendigos da Avenida Flamingo,enquanto ainda
vemos que ainda não anoiteceu,ainda é dia e daqui a 5 minutos veremos o por do
sol.
E eu,eu sou o mesmo,mas ao mesmo tempo não sou o mesmo de
antes.As vezes eu acho que eu morri algumas vezes e renasci como um bebe
retardado esperando por alguma salvação.Os motivos sempre foi alguma espécie de
Rock-Baby-Luz-Cinema-Vida-Morte e peregrinação continua de minha inquietação e
melancolia. Eu nasci e morri varias vezes,parece que eu não sou o mesmo cara
que eu era 10 horas atrás.Antes eu poderia escrever uma canção triste ou coisa
do tipo,e agora eu rio da vida e a glorifico como se ela fosse algo
maravilhoso.E eu de fato acredito que ela é,e sempre vai ser.Claro,vai doer
viver,vai doer morrer,mas vai valer a pena.
Enquanto isso eu dedinho alguns acordes vendo o por do
sol.Ele sangra como o meu corpo e espelha a sua vulnerabilidade e grandiosidade
como um monstro gigantesco belíssimo e sagaz.E o resto é apenas o resto,é apenas o resto da estrada
e do destino.
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