quinta-feira, 20 de abril de 2017

As cores do mundo.




A flor se despede
do raiar do amanhecer .

Os vagabundos noturnos festejam
esperando aquela puta dar um belo desconto.

O radio dos loucos e dos famintos esta ligado
enquanto o som  melancólico da chuva de ontem faleceu entre os asfaltos.

O gim do homem barba foi jogado entre a latrina,
os gatos bebem e dançam loucamente sobre as ruas da avenida flamingo.


2

O quarto
Fedendo
A sangue
E
Esperma
Foi banido
Pelas cruzes
Do demônio das onze horas
Dos anjos das doze horas.

A teta
Da puta
Se espreita
Sob a chuva doce do meus olhos
Enquanto espanco
As minhas tripas
E denuncio
A minha alma.

Eu vejo
Eu presencio
O apocalipse ,
As guerras falsas do homem ,
O abismo secreto preso em cada escada de cada avenida,
O ruir estrondoso dos trovões batendo loucamente sobre a dura e crua verdade
da mortalidade
e da maldição eterna de ser estúpido.



Enquanto a cidade
tenta dormir
em sua própria insônia frenética
de tentar esquecer que os teus filhos são loucos bastardos,
são velhos veteranos de guerra
que não possuem um lar
Ou um abraço quente.

Sim!
Sim,São Paulo!
Agora eu falo pra ti!
Meu amor!
Meu ódio!
Meu patrimônio literário! 

Sim!
São Paulo!
Eu vejo as tuas rugas!
Eu vejo as tuas cores melancólicas!
E as tuas luzes estrelares chorando sobre os asfaltos secos e sombrios.

Eu quero que tu
deite com o povo,
com a negritude do ser,
com o raiar da solidão.
Quero que tu tires essas roupas pesadas
e esse olhar cansado.

Que beije todas as asas dos anjos
e todos os patrimônios esquecido de Deus.

Que todas as cores estejam aqui
comigo
e com você...

Que toda a vida tenha um curto sentido
antes de aparecer a tua sombra,
antes de aparecer aquele amor,
antes de aparecer aquela amiga que um dia jurou que vai me buscar.

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