segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Estomago(e flores)






Ela perguntou pra mim se eu teria piedade da vida 

ou da morte. 

Eu não respondi 

Eu não respondi. 


Pois pra mim só a chuva que pode me salvar 

dos momentos em que as lagrimas dos anjos se ejaculam sobre o céu de SP. 


Pra mim só  o abraço de uma doce mulher pode me confortar 
enquanto paira flores pobres e negras dentro do meu estomago. 


A piedade 
tanto faz. 

A piedade é fraqueza,
é o terror dos corações 
e a clemencia da inexpressividade existencial. 

O amor  não possui piedade.

O amor possui a verdade 
ou 
a pornografia da mentira. 

O amor possui o golpe da natureza,
da vida 
e do terror da morte. 

O amor vem como chuva acida sobre a nossa cidade. 

Ela desmascara todas as faces gélidas e tristonhas de nossos heróis errantes 
Ela insulta e namora(por hora) os lábios negros dos nossos íntimos inimigos. 

Ela curte,trepa e depois ela  esfaqueá todas as crianças pedindo clemencia. 
Ela bebe o seu sangue,arrota o seu filme e peida dos teus profundos erros universais. 
Ela te deixa sozinho,sangrando do meio da guerra. 
Ela te deixa de um sonho cheio de jardins mágicos e depois mostra a  crua realidade. 

Ela te planta flores do teu estomago cheio de fome e vazio. 
Assim como ela oferece flores de plásticos para o seu tumulo 
e beijos de sangue para o seu rosto pálido e morto. 


Oh minha mulher!
Oh meu doce drinque! 
Oh meu Rock & Roll!
Oh minha vagina de meia noite! 

A vida não traz piedade 
e tão pouco traz conforto. 

Veja só os anjos voando sobre o céu de nossa cidade 
ou então os monstros marilhos bebendo os nossos lixos industrias utópicos. 

Os arranjos desafinados da meninas virgens da vizinhança. 
Os cabelos desarrumados do teu corpo exuberante.  
A beleza funcional da tristeza universal. 

E Deus esta aqui 
Nesse momento 
Nessa falida felicidade
Nessa monótona tristeza 


Florescendo todas as coisas banais e grandiosas de nossa rotina. 
Amanhecendo junto com os sonos dos marginais e mendigos das ruas de São João. 
Beijando  todos os sonhos embriagantes das sereias da Avenida Paulista. 

Oh ele esta aqui 
nessa atmosfera seca e eloquentemente sagaz 

Oh  e você simplesmente esta aqui 
Beijando todas as minhas feridas e abençoando a minha solidão. 



Oh sim a solidão  é para os fortes. 
A solidão é para os fortes. 

Até mesmo quando temos que vomitar essas flores 
dentro do nosso estomago. 

Até quando temos que nos ligar completamente 
até o fim da noite. 

Até o fim da noite. 
Até o fim da elétrica noite. 
Até o fim de todas as tripas,merdas e delírios 
Até o fim 

de todos os amores. 





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